Em
Gn 11,9 a palavra hebraica “Babel” é traduzida literalmente: “Babel”
(referência à cidade na qual foi construída uma torre). Em Is 11,4 “Babel” é
traduzida por “Babilônia” (referência ao poderoso império mesopotâmico que
destruiu Jerusalém em 586 a.C.). Bem, em minha opinião a “Babel” de Gênesis e a
“Babel” de Isaías indicam a mesma cidade. Explico.
A
tal torre de Gn 11 provavelmente se refere a um zigurate, templo religioso em
forma de pirâmide terraplanada (Etemenanki: “templo da fundação do céu e da
terra”) construído na Babilônia. A etimologia popular explicou o nome “Babel” a
partir do verbo hebraico “balal” (misturar/confundir), daí: “Deu-se-lhe por isso o
nome de Babel, pois foi lá que Deus ‘balal’ (misturou/confundiu)”. Os judeus
adoravam esses trocadilhos. "Babel", para os babilônios significava
"entrada de Deus".
A
semelhança entre a “Babel” de Gênesis 11 e a “Babel” de Isaías não está apenas
no nome. Note que em Is 14,13 (veja também Is 51,53) o rei da Babilônia é censurado por achar que
poderia “subir até o céu, acima das estrelas de Deus” (Egito e Edom são
condenados pela mesma falta em Ez 31,10 e Ob 1,3). Na Babel de Gênesis o pecado
é o mesmo: “Vinde! Construamos uma cidade e uma torre cujo ápice penetre nos
céus!”.
Gn
11,1-9 é, em seu contexto original, um deboche à religião e à arrogância dos
babilônios. A data provável da redação: o período exílico (597-537 a.C.). Os
autores: judeus exilados, especialistas na arte do escárnio e da troça.
Jones
F. Mendonça
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