segunda-feira, 30 de abril de 2012

A FORMAÇÃO DO PENTATEUCO: ESCRITO BÁSICO, FONTES, CÍRCULOS NARRATIVOS.

Desde que o deísta inglês Thomas Hobbes (Leviatã), o protestante francês Isaac de la Peyrène (Pré-adamitas), e o judeu Baruch Spinoza (Tractatus theologico politicus), puseram em dúvida a autoria de Moisés na maior parte do Pentateuco, inúmeras hipóteses foram formuladas com o objetivo de apresentar uma solução que explicasse de forma convincente a formação do Pentateuco. Os três modelos básicos a seguir representam uma síntese de tudo o que foi dito até hoje:
  • A hipótese do escrito básico (ou da redação continuada): o Pentateuco formou-se a partir de um documento básico único, contendo a narrativa que vai da Criação até a morte de Moisés. Tal documento teria sido ampliado diversas vezes pela inclusão de textos parciais escritos ou transmitidos oralmente ou por emendas atualizadoras e interpretadoras.
  • A hipótese das fontes (ou modelo das camadas): o Pentateuco formou-se a partir de diversos documentos fonte, originalmente independentes (épocas e lugares distintos). Na sua formulação clássica: fonte Javista (J), Eloísta (E), Deuteronomista (D) e Sacerdotal (P). Catástrofes regionais, tais como o desaparecimento do reino do Norte e o exílio babilônico teriam impulsionado a “costura” dessas fontes, deixando pistas bem visíveis, tais como duplicações e tensões entre narrativas.
  • A hipótese dos círculos narrativos (ou modelo dos blocos):  Durante séculos círculos narrativos (Criação e dilúvio, Abraão, Jacó, Êxodo, Sinai, etc.) tiveram sua própria história de crescimento. Diferentemente do que propõe a hipótese do escrito básico, essas narrativas tiveram sua própria história de crescimento. Na época do exílio esses círculos narrativos foram unidos formando um nexo narrativo abrangente “da Criação à morte de Moisés”. Mais tarde esse texto teria recebido uma ou mais redação(ões) posterior(es).
Tais hipóteses foram retrabalhadas recentemente por alguns pesquisadores, tais como M. Rose e J. van Seters (escrito básico); L. Ruppert e P. Weimar (hipótese das fontes) e Rolf Rendtorff e E. Blum (círculos narrativos). Além dessas três linhas de pesquisa houve a tentativa de combinar o modelo dos círculos narrativos com o modelo de fontes, conforme apresentado por W. H. Schmidt. Fiz um pequeno resumo deste modelo para os meus alunos após consultar dois autores: Erich Zenger (Introdução ao Antigo Testamento) e Franz Josef Standebach (Israel e seu Deus). Abaixo o resultado:

Jones F. Mendonça

PENTATEUCO

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A QUATERNIDADE EM PAUL TILLICH E CARL JUNG

O despir-se de Cristo (detalhe) - 1501
Francesco di Giorgio Martini
Dia desses numa conversa com um aluno, o Eduardo, surgiu o tema da ampliação da trindade pela incorporação de Maria. O fenômeno, vivenciado na prática por inúmeros católicos ao redor do mundo, tem recebido apoio de muitos padres (sem falar do apoio popular) para que ganhe o estatus de dogma. Eduardo estava escandalizado. Expliquei-lhe que a quaternidade é um tema caro a Carl Jung. O psicólogo suíço percebeu que a tetractys surge espontaneamente nos sonhos de seus pacientes como expressão do divino (entenda-se por "divino", uma imagem arquetípica). 

Jung chega a defender que a quaternidade como símbolo da divindade remonta à era pré-histórica, como as "rodas solares paleolíticas (?) da Rodésia". Resumindo: o dogma diz "três". O inconsciente insiste: "quatro". Resíduos arcaicos dos nossos ancestrais. 

Outro que discute a quaternidade é Paul Tillich. Pedi para que o Eduardo desse um pulinho na biblioteca e consultasse a teologia sistemática do teólogo alemão. Na letra "C" do capítulo 4 da parte IV vem o título: "reabrindo o problema trinitário". Eis o que ele diz:
Referências ao poder mágico do número três não são suficientes, pois outros números, por exemplo, o número quatro, ultrapassam o três na escala mágica [...]. O poder simbólico da imagem da virgem Maria desde o século 5 até os nossos dias impõe uma pergunta ao protestantismo, que afastou radicalmente este símbolo [a quaternidade] na luta da Reforma contra todos os mediadores humanos entre Deus e o ser humano. Neste expurgo, praticamente eliminou-se o elemento feminino na expressão simbólica de nossa preocupação última. O espírito do judaísmo, com seu simbolismo exclusivamente masculino, prevaleceu na Reforma. Sem dúvida, este foi um dos motivos para o grande sucesso da Contra-Reforma frente à originalmente vitoriosa Reforma. No próprio protestantismo, isto fez com que surgissem, no pietismo, imagens de Jesus bastante efeminadas; este fato também motivou muitas conversões às igreja grega e romana, e igualmente explica a atração do misticismo oriental sobre muitos humanistas protestantes. 
A trindade, a quaternidade e tantos outros símbolos emergem do inconsciente de forma involuntária. Muitos deles se tornam dogma não pela arbitrariedade de uma autoridade eclesiástica, mas pelo clamor dos fiéis. Nas palavras de Jung: "essa insistência, no fundo, é a ânsia do arquétipo em se tornar concreto". Como no catolicismo dogmas são irrevogáveis (cf. DS 2145), Maria permanecerá como co-redentora, num trono que apenas tangencia o círculo da trindade. Entre os protestantes a quaternidade buscará novas expressões. Será uma aparição velada, travestida, mas ela há de ressurgir. 

Jones F. Mendonça

OS PROFETAS NA WEB

Publiquei aqui, aqui e aqui uma relação de livros disponíveis para download a web. Hoje estou disponibilizando uma relação do que se pode encontrar sobre o profetismo israelita:
Ezequiel (1308-11)
Duccio di Buoninsegna
DE LACY, J. M. Abrego. Los livros proféticos. Estella: Editorial Verbo Divino, 1993.
MONLOUBOU, Louis. Los profetas del Antiguo Testamento. Estella: Verbo Divino, 1987.

PAPE, Dionísio. Justiça e Esperança para Hoje - A Mensagem dos Profetas Menores. São Paulo: ABU, 1982.
ASURMENDI, Jesus M. Isaías 1-39. Estella: Editorial Verbo Divino, 1980.
BRIEND, Jacques. El libro de Jeremías. Estella: Editorial Verbo Divino, 1983.
DA SILVA, Aírton José. A voz necessaria - encontro com os profetas do século VIII a.C. São Paulo: Paulus, 1998 (disponibilizado pelo autor).
SHÖKEL, Luiz Alonso; DIAZ, J. L. Sicre. Profetas - Isaías e Jeremias. Madrid: Ediciones Cristandad, 1980.
WIENER, Claude. El segundo Isaías. Estella: Editorial Verbo Divino, 1980.

Jones F. Mendonça

segunda-feira, 23 de abril de 2012

MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO ON LINE

Codex Vaticanus,
Mt 14,8-35 (detalhe)
Quem se interessa por manuscritos antigos vai gostar de conhecer o  Center for the Study of New Testament Manuscripts (CSNTM). O site disponibiliza diversos manuscritos do Novo Testamento em alta resolução (a mais alta que já vi!). Por algum motivo não bem explicado pelo site, não é permitida a visualização de alguns papiros antigos como o P45, p46 e P47, mas você consegue dar uma expiada nos dois primeiros aqui e aqui

Experimente olhar bem de perto este belíssimo lecionário do século X. Quase dá para sentir a textura do manuscrito (não se esqueça de aplicar o zoom). 

Boa pesquisa!


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 19 de abril de 2012

OS SALMOS E OUTROS ESCRITOS NA WEB

O jovem Davi, de Andrea
del Verrocchio, 1473-75
Tenho publicado aos poucos uma série de livros sobre teologia que podem ser encontrados na web em sites que hospedam arquivos (a maior parte deles está em espanhol). Hoje estou publicando o que encontrei sobre a terceira parte da Bíblia hebraica: os Escritos (ketuviym):
ASENSIO, Victor Morla. Libros sapienciales y otros escritos. Estella: Editorial Verbo Divino, 1994.
COLLIN, Matthieu. El libro de los Salmos. Estella: Editorial Verbo Divino, 1997.
PREVOST, Jean Pierre. Diccionario de los Salmos. Estella: Verbo Divino, 1991.
SCHÖKEL, Luis Alonso. Salmos I (01-72). Navarra: Verbo Divino. 1992.
SCHÖKEL, Luis Alonso. Salmos II (73-150). Navarra: Verbo Divino, 1993.

BONORA, Antonio. El libro de Qohélet. Barcelona: Editorial Herder; Madrid: Ciudad Nueva, 1994.
DORÉ, Daniel. La sabiduría de Salomón. Estella: Editorial Verbo Divino, 2003.
LÉVEQUÊ, Jean. Job, el libro y el mensaje. Estella: Editorial Verbo Divino, 1987.
GRELOT, Pierre. El libro de Daniel. Estella: Verbo Divino, 1993.

Jones F. Mendonça

quarta-feira, 18 de abril de 2012

ÓSTRACO DE QEIYAFA: O MAIS ANTIGO REGISTRO DA MONARQUIA ISRAELITA?

Está em todos os livros sobre arqueologia bíblica: os mais antigos registros por escrito feitos pelo povo israelita são o calendário de Gezer (séc. X a.C.) e a inscrição de Siloé (séc. VII a.C.). O primeiro contém o registro de atividades agrícolas ao longo do ano. O segundo relata a conclusão de um túnel (conhecido pelo nome de "túnel de Ezequias") que trazia água da fonte de Geon até Jerusalém.

Mas há quem pense que um óstraco encontrado em 2008 na fortificação de Qeiyafa possa ganhar o posto de registro mais antigo. É o que defende Émile Puech, epigrafista sênior da prestigiosa Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. Apesar da incerteza quanto a tradução do texto escrito em cinco linhas, Puech sugere que um trecho da inscrição: "os homens e os chefes estabeleceram um rei", seja uma referência ao primeiro rei de israel: Saul. É importante destacar que o texto ganhou traduções completamente diferentes feitas por epigrafistas especializados. Não há sequer certeza se ele dever ser lido da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita. 

O texto completo foi publicado na Biblical Archaeology Review de MAI/JUN 2012. 

Leia o texto já traduzido pelo Google aqui
Em inglês aqui


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 16 de abril de 2012

COVARDIA...

Centenas de ativistas europeus tiveram suas passagens aéreas canceladas por companhias aéreas israelenses. O motivo: os ativistas teriam a intenção incitar a violência no "Welcome to Palestine 2012". Sim, houve violência, mas não dos ativistas e sim dos soldados do IDF. Eis um vídeo perturbador divulgado pelo Haaretz:

domingo, 15 de abril de 2012

JONAS, O PEIXE E O INÍCIO DO CRISTIANISMO: NOVAS "DESCOBERTAS"

Publiquei aqui e aqui algo a respeito do túmulo descoberto em Jerusalém com uma suposta imagem de Jonas (hb. Yonah) sendo engolido por um peixe. Os responsáveis pela descoberta afirmam que o túmulo é cristão e que a imagem do profeta sendo engolido é uma referência à ressurreição de Jesus (o "sinal de Jonas"). 

O The Bible and Interpretation informou que foi descoberta uma inscrição na imagem: o nome do profeta Jonas (letas hebraicas: yod, vav, nun, he). De fato a inscrição lembra o nome do profeta em hebraico. Como as consoantes hebraicas sofreram modificações ao longo da história, será preciso ouvir a opinião de um epigrafista. Consultei antigas fontes de hebraico no Bibleplaces.com (baixe as fontes antigas aqui) e usei-as para escrever o nome "Jonas". O resultado é o que você vê abaixo (um yod como o que aparece inscrito no túmulo você vê aqui):


Imagem original: The Bible and Interpretation. Os caracteres em roxo e os
quadros indicativos foram inseridos por mim. 

Jones F. Mendonça

quinta-feira, 12 de abril de 2012

MÉTODO HISTÓRICO-GRAMATICAL X MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO


No meio conservador protestante (sobretudo o de tradição reformada) geralmente se adota como método de interpretação bíblica o chamado  método histórico-gramatical. Nas palavras de Millard Erickson: “interpretação da Bíblia que enfatiza que uma passagem deve ser explicada à luz de sua sintaxe, de seu contexto e de seu panorama histórico”.

Com o desenvolvimento da crítica bíblica nos séculos XVIII e XIX, surgiu um novo método de interpretação chamado “método histórico-crítico. Ele vai além do método histórico-gramatical, analisando o texto não apenas à luz da sintaxe, contexto e panorama histórico, mas também a gênese e evolução histórica do texto, daí a designação “método diacrônico”. Dentre os diversos instrumentos empregados na exegese histórico-crítica estão a crítica das fontes (identifica as fontes que influenciaram a redação final), das formas (estuda gênese de pequenas unidades narrativas) e da redação (teologia do redator final).

Como tenho alunos interessados em conhecer um pouco mais as diferenças entre os dois métodos, aconselho a leitura dos textos abaixo:

Contra o método histórico-gramatical:

Contra o método histórico-crítico:


Meus alunos sabem que adoto o método histórico-crítico, mas desejo que eles sejam capazes de fazer suas próprias escolhas.


Jones F. Mendonça

terça-feira, 10 de abril de 2012

O PENTATEUCO NA WEB

Publiquei aqui uma relação de livros sobre a história de Israel disponíveis na web em sites que hospedam arquivos. Hoje estou publicando o que encontrei sobre o Pentateuco. Com exceção do livro de Rolf Rendtorff, todos estão em espanhol (deixei de fora livros escritos por conservadores como Paulo Hoff). 

ARTUS, Oliver. Aproximacion actual al pentateuco. Estella: Editorial Verbo Divino, 2001.

BUIS, Pierre. El libro de los Numeros. Estella: Editorial Verbo Divino, 1993.

CHARPENTIER, Etienne. Para leer el Antiguo Testamento. Estella: Editorial Verbo Divino, 1993.

CROATTO, José Severino. Exilio y sobrevivencia - Tradiciones contraculturales en Pentateuco. Buenos Aires: Lumen, 1997.

LOHFINK, Norbert. Las tradiciones del Pentateuco en la época del exilio. Estella: Editorial Verbo Divino, 1999.

LÓPEZ, Félix García. El Decálogo. Estella: Editorial Verbo Divino, 1994.

LÓPEZ, Félix García. El Deuteronomio, una lei predicada. Estella: Editorial Verbo Divino, 1989.

RENDTORFF, Rolf. A Formação do Antigo Testamento. São Leopoldo: Sinodal, 1998.

WIÉNER, Claude. El libro del Exodo. Estella: Editorial Verbo Divino, 1986.


Jones F. Mendonça

ASCENSÃO E QUEDA DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA

Faço buscas em livros sobre a história da arqueologia bíblica (ou arqueologia da Siro-Palestina, como queira). Infelizmente não há quase nada em português ou até mesmo em espanhol. Fuçando na internet acabei me deparando um livro de Thomas W. Davis em PDF: Shifting sands: The Rise and Fall of Biblical Archaeology. Foi útil para mim. Talvez seja útil para você. Boa leitura!

Jones F. Mendonça

AL JAZEERA SOB SUSPEITA II

Divulguei aqui matéria publicada na Carta Capital denunciando a parcialidade com que a rede de notícias Al Jazeera vem tratando os desdobramentos da chamada "primavera árabe". Acabo de ler no IRNA (10/04/12) que o produtor de cinema iraniano Mohammad Reza Abbasian expressou sua indignação pelo silêncio da rede Al Jazeera em relação aos crimes cometidos pelo regime do Bahrein. O protesto ocorreu durante o 8º Al Jazeera Internacional Documentary Film Festival. A coisa não anda boa para o lado do Al Jazeera. 

Arte de Carlos Latuff em homenagem ao ativista
dos direitos humanos Abdulhadi al-Khawaja. 

IRNA: "TERRORISTAS DE ISRAEL SÃO PRESOS NO IRÃ"

Transcrevo abaixo notícia veiculada no IRNA (Islamic Republic News Agency):
Teerã, 10 de abril, IRNA - Ministério da Inteligência declarou na terça-feira que uma equipe do regime sionista de cunho terrorista com todos os seus membros foi identificada e presa pelas forças de segurança iranianas.Os terroristas haviam planejado realizar operações terroristas dentro do país, mas foram presos antes de levar a cabo seu plano, disse o ministério. Detalhes da notícia serão divulgados mais tarde.
Será verdade? Só nos resta esperar. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ESTOICISMO E CALVINISMO

Os quatro homens santos,
(Paulo e Marcos), 1526,
Albrecht Dürer.
Ainda que Calvino negue nas suas Institutas, a doutrina da predestinação recebeu forte inspiração do estoicismo, escola filosófica helenista fundada por Zenão de Citio (Chipre) no início do século III a.C. No seu discurso no Areópago (At 17,24-28) Paulo  de Tarso (uma cidade estóica na Ásia!) faz um referência explícita a Cleanto (um hino) e/ou Arato (Fenômenos). Judeu com os judeus e grego com os gregos, Paulo foi costurando o judaísmo farisaico com a filosofia grega. Entre os judeus: povo eleito. Entre os gregos: um Deus que elege "ramos enxertados". 

No século IV Agostinho emendou novos retalhos ao trabalho de Paulo dando-lhe mais sofisticação e coerência lógica. Cerca de mil anos depois Lutero e mais ainda Calvino (escreveu um comentário sobre De Clementia, do neo-estóico Sêneca) deram nova roupagem à doutrina da providência divina. Calvino dizia com todas as letras:
afirmamos que não só o céu e a terra, e as criaturas inanimadas, são de tal modo governados por sua providência, mas até os desígnios e intenções dos homens, são por ela retilineamente conduzidos à meta destinada (Livro II, XVI, 8).
Não muito diferente é a fórmula do estóico Cleanto (~331-232 a.C.), retomada por Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.):
Os destinos guiam quem os aceita, arrastam quem a eles resiste (Sêneca, Cartas a Lucílio, 17, 11). 
Troque "os destinos" por "Deus" e teremos duas doutrinas muito semelhantes. 

Há algo novo debaixo do sol?


Jones F. Mendonça

HEAVY METAL EM IÍDICHE COM VIOLINO: ESTRANHO MAS INTERESSANTE

O resultado da mistura entre o som gutural do iídiche, sintetizadores e o som distorcido de guitarras é este que você vê abaixo. Quem toca é a banda russa-israelense Gevolt. Quer conferir? Aumenta o som!

domingo, 8 de abril de 2012

PÁSCOA SEM CARNE E SEM HAMETZ

Na sexta-feira santa (ou melhor, sexta-Freya) recomenda-se o peixe aos católicos em substituição à carne vermelha. Entre os judeus há uma verdadeira caçada ao pão fermentado (hb. hametz), que deve ser queimado até virar cinzas. 

De acordo com um estudo publicado no Haaretz (05/04/12) 67% dos judeus israelenses abstêm-se do pão fermentado durante o feriado de páscoa. 

Abaixo uma foto da tradicional queima do hametz:


Foto: Haaretz

AL JAZEERA SOB SUSPEITA

Desde o florescimento da chamada "primavera árabe" passei a observar com estranheza a parcialidade com que o Al Jazeera vem apresentado os desdobramentos dos conflitos na Líbia e na Síria. Até então o jornal árabe era minha única fonte de informações sobre o lado do conflito que não aparece nos jornais ocidentais. 

Após ler uma matéria publicada na Carta Capital (08/04/12) descobri que minhas suspeitas tinham fundamento. Leia aqui

quarta-feira, 4 de abril de 2012

UT-NAPISHTIM, O NOÉ SUMERIANO

O Noé sumeriano narrado na epopeia de Gilgamesh:
Carreguei tudo o que tinha semente de vida. Levei à arca toda a minha família e meus parentes. Animais selvagens, animais domésticos, levei para a arca todos os operários. Entrei na arca e fechei  a porta. [...] Seis dias e seis noites choveu como se fosse uma cachoeira. No sétimo dia o dilúvio se acalmou [...]. Todos os homens estavam cobertos de lama.
O motivo do dilúvio, neste caso, foi que os homens perderam o costume de oferecer sacrifício aos deuses. Ut-napishtim foi salvo por Ea, deus da sabedoria.

Abaixo uma “foto” do Noé sumeriano dentro da arca:


A imagem no contexto original: G. Maspero. History of Chaldea, Volume 3, Parte A.

E ASSIM CAMINHA O CRISTIANISMO...

Uma professora de história ora em sala de aula e incentiva seus alunos a fazerem o mesmo. Um aluno, praticante do candomblé, acusa a professora de ser responsável pelo bullyng que vem recebendo dos colegas de sala (zombam dele por sua opção religiosa). O pai do menino resolveu processar o Estado de São Paulo por discriminação religiosa. 

A UBE (União dos Blogueiros Evangélicos) está divulgando um texto em defesa (acreditem!) da professora. 

O pior não é o texto, mas os comentários feitos por evangélicos. É de dar medo...

terça-feira, 3 de abril de 2012

TÍTULO DO NUMINOSUM COM NOVA APARÊNCIA

Há algum tempo venho sentindo a necessidade de "reformar" aparência do título do Blog. Melhorei a resolução da imagem, a fonte da descrição e outros pequenos detalhes. O São Jerônimo continua lá, não o de Caravaggio, mas o de seu discípulo Georges de la Tour (1621-23, Royal Collection, Hampton Court). Não, não sou devoto de São Jerônimo, é que o vermelho com que pintam suas vestes é simplesmente magnífico. 


segunda-feira, 2 de abril de 2012

FREUD E JUNG NA LENTE DE CRONEMBERG

"Este filme é a sua cara!". Frase dita pela Renata (colega no curso de teologia) e reafirmada pela Queti (leitora do Numinosum). Sendo assim não posso perder "Um método perigoso", do diretor canadense David Cronenberg ("A Mosca", 1986). O filme é baseado em correspondências entre Jung, Freud e Sabina Spielrein (Paciente de Jung que acabou se tornando sua amante). Abaixo o trailer do filme:


Jones F. Mendonça

PARA ALÉM DA BÍBLIA, DE MÁRIO LIVERANI [APONTAMENTOS]

Leio (bem devagar, pela falta de tempo): “Para além da Bíblia”, do assiriólogo Mário Liverani (Loyola, 2008, 544 pg.). A obra é "uma tentativa nova de reescrita da história de Israel, levando em consideração os resultados da crítica textual e literária, as contribuições da arqueologia e da epigrafia, e não tendo medo nem de se afastar do fio condutor bíblico nem, vive versa, de permanecer num ambiente nitidamente histórico". As anotações que faço no livro serão transportadas para o Blog. Do primeiro capítulo: “A Palestina no bronze recente (século XIV-XIII)”, fiz os seguintes apontamentos:
  • Em “paisagens e recursos” (p. 27-31) Liverani destaca que a Palestina é ao mesmo tempo “modesta e fascinante”. Modesta em recursos naturais como água, recursos agropastoris, extensão geográfica, metais, madeira, pedras preciosas e número de habitantes. Quando comparada ao Egito, por exemplo, a região mostra-se extremamente modesta. Liverani cita um hino a Aton (LPAE, p. 414), no qual o Nilo é exaltado como um rio que “vem do além” para o Egito, ao contrário dos outros povos que podem contar apenas com o “Nilo do céu” (a chuva). Por outro a lado, destaca o autor, a Palestina é fascinante “pela estratificação simbólica das memórias”.
  • Em relação à “fragmentação política” (p. 31-36), Liverani descreve a Palestina dividida em “Estados cantonais típicos” (como Ugarit), na qual reside um rei em seu palácio, rodeado por dependentes diretos: artesãos, guardas e servidores. A população estimada no Bronze recente (1550-1180) para o típico reino palestino é de 15 mil pessoas, contrastando com os cerca de 3 ou 4 milhões do Egito e os 2 milhões na Babilônia.
  • Na “descontinuidade dos assentamentos” é destacada a concentração de pessoas em zonas mais adequadas para a agricultura no Bronze recente em relação ao Bronze médio e antigo. Em contrapartida as zonas semi-áridas e as colinas foram progressivamente abandonadas, tais como o sul de Hebron (Cisjordânia) e Madaba (Transjordânia).
  • O quarto tópico trata do “domínio egípcio” sobre a Palestina, que cobre o período de 1460-c.1170 a.C. (o que parece inviabilizar uma fuga maciça de hebreus, cf. cap. 14 - "a fórmula do Êxodo"). O quadro fornecido pelas cartas de el-‘Amarna (c.1370-1350) mostra que somente três centros siro-palestinos eram sede de governos egípcios: Gaza, Kumidi e Sumura  (abaixo um mapa que confeccionei baseando-me na figura 3 da página 37).  
Clique para ampliar
Continua.

Jones F. Mendonça

sábado, 31 de março de 2012

SAIU NO HAARETS

Vez por outra ouço alguém dizer que viu em algum documentário ou livro que foram encontradas provas da permanência e/ou fuga dos judeus do Egito. A grande verdade é que não existem tais provas. Em tempos de páscoa o jornal israelense Haaretz publicou um artigo intitulado: "Os judeus realmente foram escravos no Egito ou a páscoa é um mito?"(26/03/12). Quem assina o texto é Josh Mintz. 

Outra matéria interessante publicada no Haaretz reflete sobre o conceito "Estado judeu", defendido por líderes israelenses como condição prévia para as negociações com os palestinos (que obviamente não o aceitam, uma vez que parece excluir do Estado os grupos minoritários). Afinal, "o que é um Estado judeu?"(01/03/12), pergunta-se Joel Braunold, autor do texto. 

Jones F. Mendonça 

A GUERRA DO PETRÓLEO

Anjo Boligan-Mexico/Mar., 26,2012
Fonte: Irancartoon

sexta-feira, 30 de março de 2012

CALVINO E FEUERBACH: O DEUS QUE APARECE NO ESPELHO

Em linhas gerais o Antigo Testamento apresenta um Deus antropomorfo. Ele assovia (sharaq - Is 7,18), dorme (yashen - Sl 44,23), desperta como um valente excitado pelo vinho (yaqatz - Sl 77,65), passeia pelo jardim do Éden (halakh - Gn 3,8), é guerreiro valente (’iysh milhamah - Ex 15,3), cavalga sobre um querubim (vayyirkav al-keruv - Sl 18,11), sente ciúmes (qanna’ – Ex 20,5) e até se arrepende (naham - Gn 6,6). O deus babilônico Marduk também era descrito assim:

Eu glorifico ao Senhor muito sábio, o deus razoável, Marduk,
que se irrita de noite, mas se acalma pela manhã...
Como a tormenta de um ciclone, envolve tudo com sua cólera,
depois seu fôlego se faz benévolo, como o zéfiro da manhã.
Inicialmente sua ira é irresistível, sua raiva, catastrófica,
mas depois seu coração se amansa, sua alma se recupera.
Os céus não suportam o choque de seus punhos,
mas a seguir sua mão se apazigua e socorre o desesperado...
É tomado pela cólera, e os sepulcros se abrem,
mas quando perdoa, restabelece as vítimas da carnificina...[1].

Foi-se o exílio, vieram os persas e depois os macedônios com a difusão da cultura grega, que mesclada com as culturas locais deu origem helenismo. Não tardou muito até que os judeus (inicialmente por Fílon), e depois os cristãos, vestissem Yahweh com os trajes do Olimpo. Deus tornou-se sumo bem, imutável, sem forma e destituído de qualquer sentimento. Tiago, já com sua alma totalmente helenizada (ou platonizada), declara:
Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação (Tg 1,17).
Na patrística e na Idade Média as doutrinas cristãs foram elaboradas com os requintes da filosofia grega. Filósofos como Platão e Aristóteles teriam sido cristãos antes mesmo de Cristo ter posto seus pés na terra. O trem da teologia cristã seguia o seu curso, ora nos trilhos de Platão, ora nos trilhos de Aristóteles. E assim foi...

Em setembro de 1517 Lutero rompeu com Aristóteles ao publicar suas 97 teses contra a escolástica (um mês antes das suas famosas 95 teses contra as indulgências). Platão, sob a ótica de Agostinho, voltava ao cento do cenário teológico. Coube a Calvino sistematizar a nova teologia que incendiava a Europa. Ao defender a soberania absoluta de Deus ele precisou encontrar uma explicação para as passagens veterotestamentárias que apresentavam um Yahweh antropomorfo como Marduk, Quemós, Mot, Resheph, etc. Nas suas Institutas o teólogo francês argumentou que quando Deus é apresentado com características humanas devemos entender que tais descrições não expressam verdadeiramente como Deus é em si, mas como nós o sentimos (Livro I, XVII, 13). Em suma, são elementos da natureza humana projetados em Deus.

Caso Calvino tivesse levado adiante suas idéias a ponto de confessar que no Novo Testamento o mesmo fenômeno ocorre, teria antecipado Feuerbach em cerca de três séculos e confessado que teologia é antropologia: o homem deposita em Deus o que lhe pertence.  No mundo helenizado Deus não é projeção da natureza humana, mas dos seus anseios mais profundos: eternidade, verdade, bondade, imutabilidade, etc. Eis o erro de Calvino: achar que o conceito de Deus da Nova Aliança é mais puro, mais belo, mais verdadeiro que o da Antiga Aliança.

Admitir que o Deus que os homens veneram e anunciam é projeção humana não torna inválida a religião nem prova que Deus não existe, mas abre espaço para o diálogo, para a tolerância, para a compreensão do outro. É preciso admitir: o discurso sobre Deus sempre será, no fundo, um discurso sobre o homem.

Nota:
[1] Fiz uma tradução livre do espanhol. Lambert, 1960, 342 s. apud BOTTÉRO, Jean. Lá religión más antigua: Mesopotâmia, 2001, p. 135.


Jones F. Mendonça

DOWNHILL EXTREME: AS BIKES VOADORAS


quinta-feira, 29 de março de 2012

A PRONÚNCIA DO HEBRAICO ENTRE ASHKENAZIS E SEFARDITAS

Surgimento da letra hebraica "dalet" a partir do hieróglifo egípcio. 
No Rio: "caxtelo"; em São Paulo: "castelo". No Rio: "cara di pau"; no Rio Grande do Sul: "cara de pau". Com o hebraico também é assim: ashkenazis (judeus de origem alemã) e sefarditas (judeus espanhóis) pronunciam as palavras de maneira diferente. 

Um interessante artigo sobre o assunto ("Strange Case of Daleds") foi publicado no The Jewish Dauly Forward, em 22/01/12. O texto é assinado por Philologos. 

Leia já traduzido pelo Google aqui
Em inglês aqui




Jones F. Mendonça

A PESHITTA O GARABA E O GAR'BA

Diante da discussão envolvendo um possível erro de transmissão do relato da visita de Jesus à casa de Simão ("o leproso"=gar'ba, ou "comerciante de vidros"=garaba), em Betânia, publiquei aqui que a palavra garaba não aparece na Peshitta, daí a impossibilidade de se confirmar a semelhança entre as palavras (conforme sustentado por alguns). 

Considerando que Jesus toca um leproso em Mc 1,41, toda a discussão em torno da impossibilidade de uma visita sua à casa de um homem acometido pela doença torna-se desnecessária. De qualquer forma, abaixo o leitor pode comparar a semelhança entre a palavra "jarro" (que aparece na Peshitta) e "leproso". Como se pode ver, ambas possuem a mesma raiz. 


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Jones F. Mendonça

quarta-feira, 28 de março de 2012

VISÕES, PROFECIA E POLÍTICA NO LIVRO DO APOCALIPSE [LIVRO]

No início deste ano foi lançado "Vision, prophecy, & politics in the book of Revelation", da famosa estudiosa do Novo Testamento Elaine Pagels. A autora foi entrevistada por Wil Gafney da RD Magazine. Confira a entrevista aqui

terça-feira, 27 de março de 2012

FONTES TRUE TYPE SIRÍACO



Muitas fontes do alfabeto siríaco você encontra aqui

PESHITTA DO NOVO TESTAMENTO ON-LINE

"Leproso" e "oleiro" na Peshitta. 
Certa vez ouvi de um "rabino messiânico" que a tradução correta para Mt 1,16, seria "José, pai de Maria" e não "José, marido de Maria". O argumento utilizado: a palavra aramaica da Peshitta (g'abrah), base para a tradução do Mateus grego (!?), pode significar tanto pai como marido.  O tradutor teria se enganado. Com tal recurso a conta de Mateus (14 gerações do Exílio até Cristo) fecha perfeitamente. Consultei alguns léxicos aramaicos on-line: g'abrah=marido. Só. 

Hoje me deparei com outro argumento a favor da primazia da Peshitta (Bíblia escrita em siríaco, um dialeto do aramaico) em relação ao texto grego. O autor declara que no "texto original aramaico" a palavra "leproso", em Mt 26,6, deveria ser traduzida por "oleiro" ou "comerciante de vidros". Isso explicaria a presença de Jesus na casa de Simão, um oleiro, e não um homem ritualmente impuro. Neste caso Jesus não teria descumprido a lei de Moisés. O argumento do autor: no aramaico as palavras "leproso" (gar'ba) e "oleiro/comeciante de vidro" (garaba) possuem as mesmas consoantes. O tradutor mais uma vez teria sido vítima de palavras parecidas ou com duplo significado. Hummm, será?

Consultei Mt 26,6  na Peshitta. Raiz da palavra - "GRB" = leproso. Tanto a versão grega como a Peshitta apresentam Simão como leproso e não como oleiro ou comerciante de vidros. Assim cai por terra o mito de que a Peshitta representa uma versão mais correta dos ensinamentos e da vida de Jesus. 


Pelo que pesquisei, a palavra aramaica "garaba" (comerciante de vidros) não aparece na Peshitta, por isso não pude confirmar a semelhança entre as duas palavras. O que pude fazer foi comparar as palavras "oleiro"e "leproso", que são graficamente bem diferentes, como apresentado no quadro acima. Caso realmente existam semelhanças entre as duas palavra no siríaco (gar'ba/garaba=leproso/comerciante de vidros) isso sugere que houve um erro, não de tradução, mas de transmissão oral fornecida a Marcos, que também registra o episódio é e fonte para Mateus. Digno de nota é a grafia errada registrada ou por Marcos ou por Mateus do nome da cidade onde Jesus expulsou um demônio chamado Legião. Marcos 5,1 registra Gadara. Mateus 8,28 registra Gerasa.  Entre a tradição oral e o texto escrito muita coisa pode acontecer. E mesmo depois de escrito, o relato pode ir aumentando ou diminuindo de acordo com a motivação teológica da comunidade religiosa. 

Caso queira consultar a Peshitta on-line, clique aqui

Para consultar um texto, marque a opção "Use BFBS Peshitta textt...". Depois é só clicar em "Show me the verses!". 

Faça uma consulta mais detalhada clicando em "analyze" (ao lado do texto que você está analisando). Assim que você clicar surgirá uma nova tela com uma tabela contendo todas as palavras do versículo escolhido. Clique no "ID" (uma espécie de número strong) ao lado da palavra cujo significado você quer saber, e pronto! 

Pode parecer complicado, mas logo você se acostuma. 


Jones F. Mendonça

GOOGLE VIEW CHEGA À AMAZÔNIA


sábado, 24 de março de 2012

PURIM 2012 [FOTOS]

O The Big Picture publicou 22 fotos do Purim 2012 em Israel. A festa acabou se tornando uma espécie de carnaval judaico. Confira aqui


sexta-feira, 23 de março de 2012

A ULTRA-ORTODOXIA JUDAICA E AS MULHERES

Haredim usando uma mehitzah
(montagem humorística)
No ano passado uma amiga me relatou, após visitar Israel, que viu alguns haredim (judeus ultra-ortodoxos) criando certo alvoroço no avião por se negarem a sentar ao lado de mulheres. No Haaretz de hoje (13/03/12) foi publicada uma matéria sobre o assunto. Segundo o jornal israelense os haredim contam com a ajuda dos funcionários da companhia aérea El Al
“Há uma participação passiva ou aquiescência direta da El Al", afirma Mark Feldman, que lidera as Ziontours, baseada em Jerusalém. "Ao invés de defender os direitos dos passageiros, eles estão permitindo que este comportamento continue". [...] Os haredim foram observados contando com a ajuda dos comissários de bordo, que às vezes intervêm pessoalmente para resolver estas situações, pedindo as mulheres - e às vezes os homens - para mudar de lugar.
Os haredim são minoria em Israel, mas gozam de grande influência e criam muitos problemas para o governo e para os judeus não religiosos. 

Jones F. Mendonça

segunda-feira, 19 de março de 2012

A HISTÓRIA DE ISRAEL NA WEB


Está estacionada no meu bairro (Campo Grande) uma feira itinerante de livros usados que circula pelo Rio ao longo do ano. Numa garimpagem rápida três livros me chamaram a atenção:

- “Para além da Bíblia”, de Mário Liverani, 
- “O autêntico Evangelho de Jesus”, de Geza Vermes, e 
- “Além de toda a crença”, de Elaine Pagels.

Como no momento meu interesse está mais voltado para o Antigo Testamento, acabei me decidindo pelo livro do assiriólogo Mário Liverani. Nas livrarias o livro custa em média R$70,00 + frete. Na Estante Virtual não encontrei por menos de R$50,00 + frete. No feirão, “Para além da Bíblia” saía por R$40,00. Irresistível.   

É possível baixar o capítulo 3 de “Para além da Bíblia” no 4shared (versão em espanhol: “Mas Allá de la Biblia”). Ler parte de um livro antes de comprá-lo pode evitar surpresas desagradáveis. Abaixo uma relação de livros sobre a história de Israel que você encontra em sites que hospedam arquivos (4shared, snips, scribd, etc.):

BALANCIN, Euclides Martins. História do Povo de Deus. São Paulo: Paulus, 1989. 
BRIGHT, John. La historia de Israel. Bilbao: Desclée de Brouwer, 1970. 
CASTEL, Francois. Historia de Israel y de Judá. Desde los orígenes hasta el siglo II d.C. Estella: Editorial Verbo Divio, 1998. 
DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos - vol I. Tradução de Cláudio Molz e Hans Trein. São Leopoldo: Sinodal, 1997. 
DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos - vol II. Tradução de Cláudio Molz e Hans Trein. São Leopoldo: Sinodal, 1997. 
FINKELSTEIN, Israel; SILBERMAN, Neil A. La Biblia Desenterrada: Una nueva visión arqueológica del Antiguo Israel y de los origenes de sus textos sagrados. Madrid: Siglo Veintiuno, 2003. 
LIVERANI, Mario. Mas alla de la Biblia: Historia antigua de Israel. Barcelona. Crítica (apenas o capítulo 3).

NOTH, Martin. Historia de Israel. Barcelona: Ediciones Garriga, 1966. 
NOËL, Damien. En tiempo de los imperios. Estella: Editorial Verbo Divino, 2004. 
NOËL, Damien. En tiempo delos reyes de israel y de Juda. Estella: Editorial Verbo Divino, 2002. 
NOËL, Damien. Los orígenes de Israel. Estella: Editorial Verbo Divino, 1999. 
TASSIM, Claude. El judaísmo, desde el distierro hasta el tiempo del Jesús. Estella: Editorial Verbo Divino, 1987. 
TASSIN, Claude. De los macabeos a Herodes el grande. Estella: Editorial Verbo Divino.

Jones F. Mendonça