Em sua Ética
Cristã, publicada entre maio e junho de 1520, Lutero defende ferrenhamente a
supremacia da fé sobre as obras. Mais do que isso. Para o reformador, uma obra
só pode ser considerada boa se produzida pela fé. Fora da fé, todas as obras
seriam más (mesmo aquelas que são aparentemente boas).
São nítidas as
críticas de Lutero à teologia escolástica medieval, inspirada na filosofia de
Aristóteles (ele é chamado de “palhaço” pelo reformador). De acordo com os
escolásticos, o homem teria sido dotado por Deus com o “habitus”, disposição
natural para o bem, aperfeiçoada pelo exercício. O reformador se impõe
energicamente a esta concepção.
Mas Lutero
distorce um texto de Gálatas para fundamentar sua teologia da graça. Na versão
em português de sua Ética Cristã (Sinodal, 1999, 154 p.), o texto aparece
assim: “vocês receberam o espírito não de suas BOAS OBRAS, mas por terem CRIDO
na palavra de Deus” (Gl 3,2). O texto grego, no entanto, traz: “OBRAS DA LEI” e
não “boas obras”.
Caro amigo, arrisco dizer que não há doutrina eclesiástica que não seja fruto de algum tipo de deturpação do texto bíblico, se considerado em seu sentido histórico e original. Isso não faz da deturpação de Lutero outra coisa que não deturpação, mas esse prego deve ser pregado em todos os Luteros que enchem as igrejas de hoje e de todos os tempos...
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