Perguntam-me
sobre a origem, sobre as razões históricas ou filosóficas que desencadearam o
processo de diluição das coisas. Bem, a percepção do homem como um projeto em
construção (e desconstrução) e não como tendo uma essência determinada remonta
a filósofos do século XX, tais como Jean Paul Sartre (diluição da identidade).
A negação de um
fundamento absoluto da moral pode ser encontrada em Nietzsche, filósofo do
século XIX: “não existem fenômenos morais, mas interpretações morais dos
fenômenos” (diluição da moral). Aliás, a frase nietzschiana “Deus está morto”
diz respeito à negação de fundamentos metafísicos para a moral e não da
existência de Deus.
No século XVII,
sob a influência de John Locke, o liberalismo inglês rejeitou o direito divino
dos reis e lançou as sementes para o nascimento da democracia e dos direitos
humanos (diluição da autoridade política). Atualmente há gente tonta o
suficiente para rejeitar essas duas conquistas...
No século XVI
Lutero lançou sal no caramujo das verdades absolutas do dogma ao negar que o
Papa tenha as chaves da igreja e da interpretação das Escrituras (diluição da
autoridade religiosa). E você encontra protestantes ingênuos reclamando da
diluição da fé. Não se dão conta de que o remédio para isso é a teocracia e a
Inquisição.
A diluição e
fragmentação da identidade, dos costumes, da religião, da moral não é um
projeto elaborado por um grupo de pessoas. São os efeitos colaterais (negativos
ou positivos) da busca pela autonomia e pela liberdade.
Jones F. Mendonça
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