Até o século XV
os cristãos da Europa formavam praticamente um único rebanho: eram católicos
apostólicos romanos. Reuniam-se ao som do mesmo sino, da mesma doutrina, do
mesmo Papa, dos mesmos sacramentos, da mesma liturgia, dos mesmos preceitos
morais. As igrejas ocupavam o centro geográfico e o centro da existência
humana. Era um mundo seguro, ordenado, estável. Mas não era um mundo livre.
Quando Lutero
questionou a autoridade do Papa como legítimo intérprete das Escrituras,
esse mundo se dissolveu como caramujo em pedra de sal. A verdade, antes
guardada no estojo dourado das coisas imutáveis, saltou para os celeiros das
leituras individuais. Cada qual passou a ler o texto a seu jeito. Uma crise de
autoridade se instalou. Não demorou e o povo também começou a questionar o
direito divino dos reis. Entramos na era das revoluções.
Sob uma
perspectiva existencial, não era mais um mundo seguro, ordenado, estável. O
universo das verdades religiosas, ideológicas e morais foi se tornando cada vez
mais fluido. Formaram-se muitos rebanhos, infinitas crenças, identidades cada
vez mais fragmentadas. As ideologias se espalhavam como fumaça em dia de
ventania. Um mundo – é verdade – em certa medida angustiante, doloroso.
Há quem tente
superar essa inquietação erguendo muros ao redor de sua própria vida. É uma
solução legítima. Mas há aquela galera perigosa, rancorosa, mal resolvida,
defendendo clausuras coletivas. Morrem de saudade das jaulas medievais. Não
apenas para si, mas para todos os outros.
Jones F.
Mendonça
Jones, tenho dúvidas se é correto dizer que eram, antes de Lutero, católicos apostólicos romanos. Estou errado, meu amigo? Penso que eram cristãos. A igreja era a Igreja Cristã. Depois de Lutero, que rompe não com a igreja católica, mas com a Igreja Cristã, a Igreja Cristã convoca um concílio para avaliar o dissidente e as igrejas dissidentes, e, nesse concílio, ratificam sua posição de 1,5 mil anos: a Igreja Cristã ocidental é a Igreja Cristã, católica apostólica e romana: católica, porque universal, apostólica, porque a tradição ortodoxa é a tradição apostólica, e romana, porque Roma seria a portadora da tradição apostólica.Ou seja ICAR seria a nomenclatura adequada para a Igreja Cristã após a Reforma, mas não para a Igreja Cristã anterior a ela, quando ela seria apenas Igreja Cristã. Faz sentido?
ResponderExcluirEm certo sentido sim, é verdade. Antes da Reforma ninguém precisava ostentar o título de "católico apostólico romano". Depois da Reforma, para distinguirem-se dos dissidentes protestantes, o título ganhou importância.
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