Entre agosto e setembro de
1517 Lutero escreveu suas bem pouco conhecidas 97 teses contra os escolásticos
(não confundir com as 95 contra as indulgências, publicadas em 31/10/1517). Nelas
– principalmente as teses 37 a 53 – Lutero critica ferozmente Aristóteles
(384-322 a.C.) e os teólogos escolásticos:
41. Quase toda a “Ética de Aristóteles” é a pior inimiga da graça. Contra os escolásticos.
43. É um erro dizer que, sem Aristóteles, ninguém se torna teólogo. Contra a opinião geral.
47. Nenhuma fórmula silogística subsiste em questões divinas. Contra o cardeal Pedro d’Ailly.
49. Se uma fórmula silogística subsistisse em questões divinas, o artigo sobre a Trindade seria conhecido, em vez de ser crido.
As teses 47 e 49 revelam –
com o perdão do anacronismo – um Lutero “fideísta”,
por criticar a possibilidade de uma exposição das verdades divinas em termos racionais. Em relação à tese 41 cabe uma explicação: Lutero considerava a Ética de
Aristóteles (Nicomaqueia e Eudêmica) um obra pagã, uma vez que acentuava o papel das potencialidades
humanas, suficientes para as virtudes. Tal conceito, usado por teólogos
escolásticos como base para a ética cristã, era visto por Lutero como uma
afronta a doutrina da graça.
Jones F. Mendonça
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