Hortus deliciarum |
Diante da inquietante questão: “como alcançar a justiça
diante de Deus?”, teólogos medievais foram buscar respostas na filosofia de
Aristóteles (no habitus aristotélico). A solução encontrada: Deus infunde no
fiel um “habitus” (hábito) sobrenatural que exige do indivíduo um esforço por
torná-lo efetivo. Desse modo, quanto maior o esforço individual no exercício
dos dons divinos, mais merecedor de graça será o fiel.
Isso explica a fórmula católica: "as obras cooperam com a
graça". Lutero, grande crítico da teologia escolástica, chama Aristóteles de
“aquele palhaço que, com sua máscara negra, enganou a igreja”. Em outro texto:
“Aristóteles está para a teologia assim como as trevas estão para a luz” (97
teses contra a escolástica, tese 50). O reformador, como se vê, não tinha papas na língua.
A imagem acima (hortus deliciarum) retrata a ascensão do
cristão até Deus pela “escada das virtudes”. Se o esforço não é suficiente há
uma solução: “quem cair pode retomar a escalada graças ao remédio da
penitência”. A penitência e os demais sacramentos funcionavam como uma espécie
tônico fortificante, capaz de infundir graça e virtude nos fiéis. Daí a importância da missa: “domingo sem
missa, semana sem graça”. Em suma: sem missa não há alegria; sem missa não há
recebimento de graça, de virtudes capazes de ajudar o fiel em sua ascensão aos
céus.
Jones F. Mendonça
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