segunda-feira, 11 de julho de 2016

MULHER: DE “PORTÃO DO DIABO” A “SACO DE ESTRUME”

Para Tertuliano, a mulher é o “portão do diabo” e “primeira desertora do direito divino” (Do vestuário feminino, Livro II, IV). Odão de Cluny, no século X, encontrou um adjetivo ainda pior: 
Se os homens vissem o que está debaixo da pele, a imagem das mulheres lhes daria náuseas [...]. Quando nem mesmo suportamos tocar um escarro ou um excremento com a ponta dos dedos, como poderíamos abraçar esse saco de bosta?
Voltemos 1200 anos.  O autor do livro da Sirácida, obra judaica do segundo século a.C., tinha opinião semelhante. Mas Ben Sirac situa o defeito feminino na alma, não nos corpo: “Porque das vestes sai a traça e da mulher, a malícia feminina” (42,13). Sobre os perigos da beleza física feminina ele faz um alerta: “Não te deixes prender pela beleza de uma mulher” (25,21).

Calvino, no século XVI, parece ter se inspirado na Sirácida: “Eis apenas um tipo de beleza [feminina] que me seduz – que ela seja casta, prestimosa, econômica, paciente e que zele pela minha saúde”.

Mas há quem veja o feminismo como um movimento impulsionado por uma causa imaginária.



Jones F. Mendonça

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