Clemente de Alexandria (150-215), num tratado sobre as
vestimentas das mulheres cristãs (Pedagogo, Livro II, 11), recomenda que se
evitem apetrechos “supérfluos”, afinal, ele diz, “a Escritura declara que os
supérfluos são do diabo”. Tingimento de cabelos, coloração dos olhos, da boca e
da face, são alguns dos “supérfluos” citados pelo teólogo.
A prática do tingimento de roupas também recebe dura
crítica: “o uso das cores não é benéfico, afinal não são úteis contra o frio”.
O ideal, ele continua, “são as roupas brancas e simples”. As vestes, ele
explica, servem unicamente para cobrir o corpo, jamais para serem admiradas. A
base para tal ensinamento viria do profeta Daniel: “o Ancião sentou-se. Suas
vestes eram brancas como a neve” (Dn 7,9). E finaliza: “as roupas que são como
flores devem ser abandonadas”.
Por fim Clemente se debruça sobre o tamanho das saias das
mulheres: “Não é conveniente ter o vestido acima dos joelhos, como, segundo
dizem, fazem as moças de Esparta. Pois não é decoroso que a mulher descubra
determinadas partes de seu corpo”. Tal modo de se vestir poderia despertar elogios
embaraçosos, tais como “suas coxas são bonitas”. O rosto também precisa estar
coberto com um véu, mas nunca de cor roxa, tonalidade que na opinião do teólogo
“inflama os desejos”.
Jones F. Mendonça
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