terça-feira, 2 de agosto de 2016

DECÊNCIA FEMININA NO CRISTIANISMO PRIMITIVO

Clemente de Alexandria (150-215), num tratado sobre as vestimentas das mulheres cristãs (Pedagogo, Livro II, 11), recomenda que se evitem apetrechos “supérfluos”, afinal, ele diz, “a Escritura declara que os supérfluos são do diabo”. Tingimento de cabelos, coloração dos olhos, da boca e da face, são alguns dos “supérfluos” citados pelo teólogo.

A prática do tingimento de roupas também recebe dura crítica: “o uso das cores não é benéfico, afinal não são úteis contra o frio”. O ideal, ele continua, “são as roupas brancas e simples”. As vestes, ele explica, servem unicamente para cobrir o corpo, jamais para serem admiradas. A base para tal ensinamento viria do profeta Daniel: “o Ancião sentou-se. Suas vestes eram brancas como a neve” (Dn 7,9). E finaliza: “as roupas que são como flores devem ser abandonadas”.

Por fim Clemente se debruça sobre o tamanho das saias das mulheres: “Não é conveniente ter o vestido acima dos joelhos, como, segundo dizem, fazem as moças de Esparta. Pois não é decoroso que a mulher descubra determinadas partes de seu corpo”. Tal modo de se vestir poderia despertar elogios embaraçosos, tais como “suas coxas são bonitas”. O rosto também precisa estar coberto com um véu, mas nunca de cor roxa, tonalidade que na opinião do teólogo “inflama os desejos”.



Jones F. Mendonça

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