sábado, 5 de setembro de 2015

OS HEBREUS E O PINGOLIM

Por Marc Chagall
Algo curioso no universo linguístico hebraico é o uso de eufemismos para designar o órgão sexual masculino.

Em Ex 28,42 o “pingolim” é chamado de “carne” (basar); em Lv 18,6 é tratado de forma genérica como “partes íntimas” (ervah); em 2Rs 18,28 aparece como “pé” ou “perna” (reguel); em Dt 23,1 vem como “tubo” (shofkha); em Is 57,8 como “mão” (yad) e em Hb 2,15 como “me’or (nudez).
No judaísmo tardio (era cristã) surgiram novos eufemismos, tais como “face interior” (panin mata shel); “órgão” (evar); “dedo médio” (ama) ou simplesmente “dedo” (etzba).

No que diz respeito a palavra reguel (pé) com sentido de pênis, é possível que Rute, quando chega de mansinho perto do Boaz embriagado e descobre seus pés tenha na verdade tirado a roupa dele e se deitado. Outra possibilidade é que Rute tenha "se descoberto" aos pés dele (e não "os pés dele") e deitado (neste caso não haveria eufemismo). O verso 8 parece reforçar a segunda tese. A versão tradicional "descobriu os pés dele e se deitou" não faz qualquer sentido.


Jones F. Mendonça

2 comentários:

  1. Particularmente já conhecia sobre os eufemismo s sexuais.
    Interessante seria seguir com a tese de que os pés também seriam eufemismo para o pênis no NT. Talvez daí, explicari possivelmente a neurose do cristianismo com a sexualidade.

    Há dois livros interessante. O primeiro é muito bom. Li uma duas vezes.

    God’s Phallus: And Other Problems for Men and Monotheism - Howard Eilberg-Schwartz

    Jacob's Wound: Homoerotic Narrative in the Literature of Ancient Israel - Theodore W. Jennings Jr.

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  2. Obrigado pelas sugestões de leitura. Abraço!

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