O movimento pentecostal possui dois fundadores: Charles Fox
Parham (1873-1829) e Willian Joseph Seymour (1870-1922). O primeiro era branco,
racista simpatizante da Ku-Klux-Klan e entusiasmado com a glossolalia como
evidência da atuação sobrenatural do Espírito. O segundo, seu aluno, era negro
filho de ex-escravos e entusiasmado com a superação das raças e classes
sociais.
Seymour tinha ideias revolucionárias. Introduziu música de raiz africana - o negro spirituals - na
liturgia do culto, buscou igualdade entre bispos brancos e operários negros e
entre professores brancos e lavadeiras negras. As igrejas históricas, dirigidas
e formadas por brancos, desprezaram o movimento por causa do status social de
seus integrantes e de seu “profeta negro”. O tempo passou e esse lado
contestador do pentecostalismo foi sendo posto de lado.
Mas na década de 60 o evangelista pentecostal Arthur Brazier
(1921-2010) fez renascer com muita vitalidade a crítica social nos sermões
pentecostais. Disposto a destruir o mito da supremacia moral e intelectual dos
brancos, Brazier afirmava que os EUA foram construídos nas costas dos negros, povo
cujo sangue havia sido derramado nas plantações de algodão e nas estradas de
ferro que cortavam o país. Brazier estava ao lado de Martin Luther King Jr. quando
este saiu pelas ruas protestando contra a segregação racial.
Quando ouço um pastor pentecostal dizendo que os negros
descendem de Cam, filho maldito de Noé, fico pensando: o que deu errado?
Jones F. Mendonça
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