quarta-feira, 17 de julho de 2019

SOBRE “OCEANOS SUPERIORES”

O Salmo 148 faz uma declaração a respeito do céu que pouca gente compreende:
 “louvai-o, céus dos céus e águas acima dos céus!”(Sl 148,4). 
Como assim “água acima dos céus”? Explico. Céu em hebraico é “shamayim” (sham = lá; mayim = água), ou “a água de lá” [de cima]. É provável que esse tipo de percepção tenha surgido por duas razões: 1) O céu é azul como o mar; 2) A água da chuva vem do céu.

Para os antigos a abóbada funcionava como limite entre as “águas superiores” e as “águas inferiores” (oceanos). A ideia de que o céu sustentava um oceano superior reaparece em Gn 1,6:
“Deus disse: ‘Haja um firmamento no meio das águas e que ele separe as águas das águas’, e assim se fez”.
Repare que em Gn 8,2 o dilúvio acontece após as “comportas do céu” serem abertas. Na segunda carta de Pedro (3,5) lemos que a terra foi “tirada da água, e estabelecida no meio da água”.

Os escritores bíblicos – é óbvio – descreviam o mundo de acordo com a concepção da época. E não podia ser diferente.



Jones F. Mendonça

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