Foto: Museu do Louvre. |
Noto aqui algo curioso: o personagem
Daniel é livrado não apenas do “fogo” (Dn 3), mas também dos “leões” (Dn 6). Os primeiros capítulos
deste livro não são outra coisa senão um midrash. “Fogo” e “leão” são dois
símbolos para os caldeus (babilônios). O primeiro, como acabamos de ver, veio
da semelhança gráfica entre “Ur” e “fogo” (veja Am 4,11; Zc 3,2). O segundo vem da iconografia da
Babilônia, cidade muitas vezes associada à imagem de um leão (atributo animal da deusa Ishtar). No “sonho dos quatro
animais” (Dn 7), a Babilônia é representada por um leão alado: “O primeiro era
semelhante a um leão com asas de águia” (v. 4).
Um bom leitor judeu entendeu a mensagem: "Javé livrou Daniel do fogo e dos leões (a Babilônia). Ele também nos livrará da perseguição do rei selêucida Antíoco Epifanes". Antíoco é o "pequeno chifre" de Dn 8,9, aquele que se ergue contra o "exército dos céus" (v. 10) e que "aboliu o sacrifício perpétuo" (v. 11). O rei selêucida também aparece em Macabeus (1,10-21).
Jones F. Mendonça
Até aí vc não passou do remez. Onde está o numinosum?
ResponderExcluirNa verdade não passei do remez. Quem passou foi o autor de Daniel, familiarizado com um tipo de exegese muito comum entre os rabinos. Aqui fiz apenas uma constatação.
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