domingo, 23 de fevereiro de 2014

PI, O TIGRE E O TROVÃO

O personagem Pi, do filme, encantava-se com forças caóticas e cegas da natureza. Inicialmente enamorou-se por um tigre. Depois por uma tempestade no umbigo do mar. Mas tigres são perigosos, devoram dóceis cervos, mostrou-lhe seu pai. Tempestades destroem barcos e ceifam entes queridos, ensinou-lhe a vida.

O homem primitivo também se encantava com as forças da natureza. Personificou-as. Deu-lhes nome. Achou poder controlá-las com ritos, oferendas e invocações específicas. Pensava poder domesticar impulsos selvagens e irracionais.

Influenciados por uma nova doutrina, certos povos passaram a situar essas forças personificadas num outro mundo, num ambiente supra-terreno. Identificaram o belo com o bom. O “outro mundo” foi concebido como lugar ideal. Desejaram o nada. E assim nasceu o asceta. E assim nasceram as religiões da moral.


Jones F. Mendonça


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