Entre
os judeus medievais desenvolveu-se uma crença que vê em cada passagem da Bíblia
Hebraica (Antigo Testamento) quatro sentidos: 1. Sentido literal (peshat), 2.
Sentido alusivo (remez), 3. Sentido interrogativo (drash) e 4. Sentido secreto
(sod). O método, chamado de PARDES no século XIII, em boa parte voltado para uma leitura criativa, não foi único.
João Cassiano (360-435), monge cristão da Cítia
(atual Romênia), seguiu por um caminho
bastante semelhante: 1. Sentido literal (histórico), 2. Sentido alegórico
(alusivo), 3. Sentido tropológico (moral) e 4. Sentido anagógico (celestial). Lutero,
no século XVI, rejeitou o método, tratado por ele como “produto da ignorância” e
“bobagem” (WA 2,509,14s).
No
Alcorão, de acordo com um comentário místico atribuído ao Imam Ja'far
al-Sadiq (702-765 d.C.), também se escondem quatro sentidos: 1. Expressão
literal (ibāra); 2. Alusão (ishāra); 3. Sutilezas (laā'if) e 4. Realidade mais profunda (ḥaqā'iq). A
expressão literal seria para as pessoas comuns, a alusão para a elite, as
sutilezas para os amigos de Deus, e a realidade mais profunda para os profetas.
Para
saber mais:
1.
O método (PARDES) judaico: WYLEN, Stephen M. The seventy faces of torah, 2001, p. 89. HAUSER, Alan J.; WATSON, Duane F. A History of Biblical Interpretation, 2003,
Vol. 2: p.171
2.
O método cristão de Cassiano: SCHOLZ, Vilson. Princípios de interpretação bíblica, 2006, p. 85.
3.
O método islâmico: Da Spiritual Gems: The Mystical Qur’an Commentary
ascribed to Ja’far al-Sadiq as contained in Sulami’s Haqa’iq al-Tafsir, Fons
Vitae, 2011.
Jones
F. Mendonça
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