Para Ziony de Zevit, professor de literatura bíblica e
línguas semíticas na American Jewish University, Gn 2 relata Eva sendo criada a partir do baculum de Adão, osso
presente no pênis da maioria dos mamíferos, como no cão, na baleia e no guaxinim. Diante da ausência do osso nos
homens e da incerteza quanto ao real sentido da palavra hebraica tzela (=lado, mas geralmente traduzida por
costela em Gn 2,21-22), Zevir conclui:
Eva foi feita a partir do báculo de Adão e não de sua costela.
Mas Elon Gilad, num artigo publicado no Haaretz (29/12/15),
discorda de Zevit. A primeira evidência do erro de Zevit estaria no próprio texto: “Javé Elohim [...]
tomou uma de suas tzelaot” (’ahat mitzal‛otaiv). Ora, o texto sugere que
Adão tinha várias tzelaot (plural de
tzela), elemento que enfraquece a tese de Zevit. A segunda razão para negar a
tese de Zevit vem de textos sumerianos. Gilad explica que
O mito sumeriano de Enki e Nihursag (um deus central e sua esposa, a deusa-mãe), que antecede à Bíblia Hebraica, conta uma história que apresenta seres viventes sendo gerados a partir de uma costela. Enki fica doente e sua mãe dá à luz a dois deuses de suas costelas, a fim de curá-lo.
A terceira razão apresentada por Gilad é lingüística: “tzela
[...] tem cognatos que significam costela em praticamente todas as línguas
semitas que conhecemos”.
Leia o texto completo de Gilad publicado no Haaretz aqui.
Jones F. Mendonça
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