Leio
pacientemente “O Jesus histórico, um manual”, de Gerd Theissen (Loyola, 2004,
651 páginas). Passarei a postar a partir de hoje um pequeno resumo, sempre
acrescentando informações tomadas de outras obras. Quando possível, um link
conduzindo o leitor a um texto clássico será inserido. Como o professor de
Heidelberg distingue cinco fases na pesquisa sobre a vida de Jesus, seguirei
sua metodologia:
Primeira fase: Herman Samuel Reimarus (1694-1768) e Daniel Friedrich Strauss (1808-1874).
Reimarus foi o primeiro a fazer distinção entre o
que Jesus disse e ensinou e a pregação dos seus seguidores expressa nos
evangelhos e demais escritos neotestamentários: “Considero uma grande causa
separar totalmente o que os apóstolos apresentam em seus escritos daquilo que
Jesus de fato disse e ensinou em sua vida”. Para Reimarus, o centro da pregação
de Jesus está na iminência do reino dos Céus (que é terreno) e no
consequente chamado à penitência. Jesus seria então uma figura judaica
profético-apocalíptica, e o cristianismo uma invenção dos apóstolos, que teriam
roubado o corpo do Nazareno e inventado a ressurreição para dissimular o
malogro do mestre (teoria da fraude objetiva).
Os escritos de Reimarus foram publicados após sua morte por iniciativa
de Gotthold Ephaim Lessing (Fragmentos anônimos, 1774-79).
A
polêmica teoria da fraude objetiva foi abandonada por Strauss, que interpretou a ressurreição como um processo
inconsciente de imaginação mítica dos primeiros seguidores de Jesus, formado a
partir de lendas messiânicas do Antigo Testamento (A vida de Jesus, 1835). A
narrativa sobre os malfeitores crucificados ao lado de Jesus, por exemplo,
teriam sido elaboradas sob influência de Is 53,12: “ele foi contado entre os
pecadores”. Strauss também deve ser lembrado como o primeiro a reconhecer que o
Evangelho de João foi estruturado a partir de premissas teológicas e é
historicamente menos confiável que os sinóticos. Por outro defendeu uma teoria quase
não mais aceita, que atribui a Mateus e Lucas uma data mais antiga que
Marcos, que seria um enxerto de ambos (hipótese de Griessbach).
Próximo post aqui.
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Jones
F. Mendonça
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