Uma das características
da teologia deuteronomista - lente por meio da qual foi interpretada a história
de Israel da posse da terra ao exílio (Js – Rs) - é a teologia da retribuição,
inspirada em textos do Deuteronômio (como Dt 28,15). A mão do deuteronomista
é rara no tetrateuco, mas em Nm 11,1-3 ela aparece com toda a sua força:
1 Depois o povo tornou-se queixoso, falando o que era mau aos ouvidos do Senhor; e quando o Senhor o ouviu, acendeu-se a sua ira; o fogo do Senhor irrompeu entre eles, e devorou as extremidades do arraial. 2 Então o povo clamou a Moisés, e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou. 3 Pelo que se chamou aquele lugar Tabera, porquanto o fogo do Senhor se acendera entre eles.
A sequência: falta/sanção/intercessão/cura,
é clara: 1) O povo fala mal de Moisés, 2) Javé pune o povo com fogo, 3) Moisés
intercede pelos faltosos, 4) a ira de Javé é aplacada e o fogo se apaga. A
teologia deuteronomista ainda faz sucesso, principalmente nas igrejas
neopentecostais. A diferença é que no antigo Israel a ira de Javé era aplacada
com jejuns, orações, sinais de humilhação e arrependimento. Hoje isso é feito
com dinheiro. Não sei se ficou mais caro ou mais barato.
Jones
F. Mendonça
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