A retomada da teologia
agostiniana pelos reformadores trouxe de volta antigas questões. Como explicar
a presença do mal no mundo? Como o homem pode ser responsabilizado por suas
faltas se no fundo correspondem aos decretos divinos? Se a soberania de Deus é absoluta qual
o papel do diabo e dos humanos?
Para Lutero não há vácuo de
poder. Todo o poder é poder de Deus. Daí a frase: “o diabo é o diabo de Deus”.
Tal ênfase levou o reformador a dizer: “não sei se Deus é o diabo ou se o diabo
é Deus”. Lutero percebeu uma dimensão “demoníaca” no sagrado (o tema é amplamente discutido por Jung e Tillich). É o “Deus que
trucida”, que “como o fogo consome uma casa”, que “nos atormenta e nos tortura
sem se importar conosco”. O reformador rejeitou totalmente o dualismo. Deus, uma
espécie de déspota volúvel.
Calvino, como Lutero, via
Satanás como absolutamente sujeito aos decretos divinos. Não age com a
permissão de Deus, mas de acordo com sua vontade. É a ação divina na ação do
diabo. Ocorre que para Calvino a dimensão “demoníaca” do sagrado é totalmente
repudiada. A lei, o juízo, a santidade e a pureza são temas bastante presentes
na teologia calvinista. O mesmo Deus que decreta o pecado é o Deus que odeia
esse pecado. O resultado: um temor quase neurótico do impuro.
Jones F. Mendonça
O detalhe mais lindo que vejo é que esse pensamento é 'exclusivamente Protestante'....pois com o tempo a Igreja Romana rejeitou muitas crenças agostinianas,mas ficou com a crença do Dogma(queria crer eu que fosse doutrina,mas não é)do Pecado Original(vai entender...),que as Igrejas Ortodoxas Gregas e Eslavas rejeitam...
ResponderExcluirMuitas vezes se esquece que,quando se fala de inferno,o autor dos tormentos infernais é Deus, não os demônios...santidade não é retardamento mental,nem jeito infantil....é separação de tudo...e Deus,até no Mal,é separado...
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