quarta-feira, 22 de setembro de 2021
GERSOM, O PEREGRINO
SODOMA E O IMPACTO DO COMETA
terça-feira, 21 de setembro de 2021
A TERRA É PLANA... E QUADRADA
Zé Bobinho é dessas pessoas tontas que paga para assistir aula de filosofia no YouTube ministrada por professor sem diploma e sem juízo. Certo dia, absorto em suas reflexões sobre a planicidade da terra, lembrou-se de que o profeta Ezequiel menciona “os quatro cantos da terra” (Ez 7,2). Pensou com seus dois neurônios: “a terra, além de plana, é quadrada”. Um amigo, depois de acurada investigação, disse ter descoberto que o céu também é plano e quadrado. A revelação teria vindo de Jr 49,36: “Trarei sobre Elam quatro ventos, dos quatro cantos do céu” (Jr 49,36). Agora quer descobrir em que canto fica o trono divino 😉
domingo, 19 de setembro de 2021
AS MUITAS FACES DA TENTAÇÃO
A TENTAÇÃO DE JESUS: PEDRAS OU POMBOS?
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
A BÍBLIA PELAS JANELAS
Na Bíblia Hebraica, as janelas anunciam esperança, paixão, tristeza, desprezo,
arrogância, morte.
Jones F. Mendonça
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
SOBRE POESIAS CONCRETAS
QUANDO A FALA ATINGE AS ENTRANHAS
DELACROIX E OS ANJOS DO GETSÊMANI
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
TINTORETTO E A ÚLTIMA CEIA
Jones
F. Mendonça
terça-feira, 24 de agosto de 2021
OS BATISTAS
O AFEGANISTÃO EM 5 PONTOS CURTOS
Jones F. Mendonça
sexta-feira, 6 de agosto de 2021
SOBRE A “TEOLOGIA NEGRA”
quinta-feira, 5 de agosto de 2021
A TEOLOGIA COMO PATOLOGIA
2. No decorrer da Idade Média o pensamento se manteve o mesmo: judeus estão pagando pela crucificação de Cristo (gostavam de citar Mt 27,25). Lutero, no século XVI manteve o velho e perverso antijudaísmo, visível, por exemplo, em seu texto “Os judeus e suas mentiras”, publicado em 1543. Não demorou e esse antijudaísmo se converteu em racismo, em antissemitismo.
3. A primeira manifestação positiva que conheço em relação aos judeus veio do avô presbiteriano do ex-presidente estadunidense George W. Bush. Em 1844 ele publicou um curioso livro intitulado “The Valley of Vision; or, The Dry Bones of Israel Revived”. A obra pode ser encontrada na Amazon ao custo de US$23,90.
4. George Bush (avô) era um restauracionista. A obra defendia – antes mesmo da criação do sionismo(!) – o retorno dos judeus à terra de Israel. Acreditava que na Terra Santa boa parte dos judeus se converteria ao cristianismo. Outro texto importante veio de Karl Barth: “A questão dos judeus e sua resposta cristã”, de 1949.
5. Até o século XIX todos faziam coro dizendo: “judeus estão pagando pela crucificação de Cristo”. Depois disso a coisa se inverteu: “o exército de Israel é o exército de Deus”. Ontem usavam e abusavam das Escrituras para justificar a dor e o sofrimento dos judeus. Hoje é abusada e usada para justificar seu triunfo (e a derrota dos muçulmanos!). Trata-se de uma teologia bipolar, doentia.
6. A pergunta que se impõe diante de nós, hoje, é: que tipo de pessoas os "teólogos" da atualidade estão ferindo, lançando na lama da agonia, no sheol do desespero, em nome das "Santas Escrituras"? A lista não seria pequena...
quarta-feira, 21 de julho de 2021
“RUTZ”, O VERBO CASAMENTEIRO
segunda-feira, 12 de julho de 2021
"LEGEND OF DESTRUCTION": UM FILME SOBRE A 1ª GUERRA JUDAICA
segunda-feira, 28 de junho de 2021
ISRAEL FINKELSTEIN E AS TRADIÇÕES DO NORTE
MÁRIO LIVERANI E O ÊXODO
2. A memória preservada por Oseias, para Liverani, não diz respeito à narrativa do Êxodo tal como conhecemos: saída sob a liderança de Moisés com sinais e prodígios, etc. Embora diga que Javé tenha usado um profeta (נביא) para tirar Israel do Egito (Os 12,13), nenhuma menção ao nome de Moisés, aos sinais miraculosos, ao Mar Vermelho, ao Sinai aparecem no texto. O assiriólogo entende que Oseias apenas está fazendo menção à época em que Israel vivia sob controle egípcio na Canaã no período do Bronze recente (algo que está bem documentado).
3. O autor cita textos – como as Cartas de Amarna – que empregam expressões como “fazer sair”, “fazer voltar”, “fazer vir” (ele chama de “código motor”), como indicação de libertação da influência de uma potência estrangeira. A narrativa do Êxodo, tal como a conhecemos, seria o resultado de reelaborações (séculos VII ao V), com a finalidade de legitimar a pose da terra, na medida em que a “Saga dos Patriarcas” fornecia uma legitimação insuficiente, situada em um passado muito remoto, sem jamais mencionar a posse de toda a terra, mas apenas de alguns lugares símbolo, como túmulos e árvores sagradas.
4. Assim, a narrativa do Êxodo, somada à narrativa da conquista armada, sob a liderança de Josué, cumpriria o papel de legitimar de forma mais contundente a posse da terra. Você lê a exposição completa do assunto em “Para além da Bíblia”, de Mario Liverani (Loyola, 2008, p. 339-343).
Jones F. Mendonça
terça-feira, 22 de junho de 2021
MÁRIO LIVERANI E AS 12 TRIBOS DE ISRAEL
Evidências desse caráter artificial poderiam ser facilmente percebidas a partir de uma análise atenta às diversas listas tribais – com quantidades e nomes diferentes – extraídas de alguns textos. Veja:
Ele sugere que os levitas eram originalmente um “grupo funcional”, elevado ao status de tribo pelos sacerdotes pós-exílicos (neste caso, teríamos treze e não doze tribos). Outra questão que ele levanta diz respeito à tribo de Simeão, situada nos limites fronteiriços de Judá: a tribo teria sido inserida artificialmente na região com a finalidade de afirmar que a perda de territórios mais ao sul não tinha refletido sobre Judá. O deslocamento de Dan da região mais central (na Shefelah) para o extremo norte (Jz 18) teria a finalidade de afirmar direitos sobre um território apenas transitoriamente incluído no reino de Israel.
Jones F. Mendonça
sexta-feira, 28 de maio de 2021
CALVINISMO E ESTOICISMO
FÍLON E A MAMADEIRA FÁLICA
2. Em “Leis III, 31”, Fílon trata, dentre outras coisas, a respeito do comportamento das mulheres em público. Ele diz, por exemplo, que uma mulher jamais deve se meter em uma briga na qual se envolveu seu marido.
3. A razão é a seguinte: imagine – ele diz – que coisa chocante seria, se essa mulher, ao tentar separar os corpos que brigam, agarrasse no órgão genital de um dos homens. Sim, é isto mesmo o que você leu.
4. Quem quiser entender essa obsessão por mamadeiras fálicas, por torres fálicas da Fiocruz, deve começar a cavar por aqui...
Leia "Leis Especiais" de Fílon aqui (e divirta-se):
Jones F. Mendonça
quarta-feira, 26 de maio de 2021
RECURSOS BÍBLICOS ONLINE E GRATUITOS
segunda-feira, 10 de maio de 2021
GÊNESIS, ESTOICISMO, ALEGORIA E MORAL ASCÉTICA
DOMICIANO E O APOCALIPSE
SOBRE MEMÓRIA, IDENTIDADE E SAUDOSISMO
segunda-feira, 3 de maio de 2021
SEXO, MALDIÇÃO E INFERTILIDADE NA BÍBLIA
UMA PALAVRA, TRÊS SIGNIFICADOS: ZELO, CIÚME, INVEJA
segunda-feira, 12 de abril de 2021
SOBRE O "AMOR AO PRÓXIMO" EM LV 19,18
SOBRE AS RESTRIÇÕES ALIMENTARES NO LEVÍTICO
domingo, 4 de abril de 2021
CHRISTUS PARADOX: SOBRE REPRESENTAÇÕES DO CRISTO NA CRUZ
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
AS TEOLOGIAS “DE CIMA” E AS TEOLOGIAS “DE BAIXO”
1. Por mais de dois mil anos predominou entre os teólogos cristãos – tanto católicos como [mais tarde] protestantes – o método dogmático-dedutivo de fazer teologia. Isso significa que toda reflexão partia do dogma, nascido como desdobramento da interpretação das Escrituras. No centro das reflexões apareciam temas como a Trindade, a eleição, a eucaristia, a soberania divina, etc. É o que se vê, por exemplo, na Suma Teológica de Tomás de Aquino e nas Institutas de Calvino.
2. A partir do século XX alguns teólogos desenvolveram um novo método de fazer teologia. Ao invés de tomar como ponto de partida o dogma, submeteram suas reflexões à exigência de uma teologia contextualizada, que parte de baixo, dos problemas humanos concretos. Na década de 60, por exemplo, os teólogos da libertação passaram a produzir uma teologia preocupada com a situação de indivíduos oprimidos, sobretudo os que viviam nos chamados países do Terceiro Mundo.
3. Assim, passaram a utilizar um método cujo foco não eram mais as formulações dogmáticas inspiradas nas Escrituras, mas ao contrário, a realidade histórica, a experiência concreta, interpretadas à luz das Escrituras não apenas para compreender a realidade, mas para mudá-la. Não veem o humano como uma alma encarcerada num corpo e que precisa ser salva, mas como um corpo que tem fome, frio e sede. E que também – é claro – se angustia com a finitude de sua existência.
Jones F. Mendonça
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
O CRISTO, A CRUZ, AS MÃOS
sexta-feira, 15 de janeiro de 2021
SOBRE O "ÊXODO HISTÓRICO"
1. A ausência no nome “Israel” e referências ao Templo na Canção do Mar (a canção seria muito antiga, talvez pré-israelita, preservada por sacerdotes levitas oriundos do Egito);
2. Ausência da tribo de Levi na Canção de Débora (os levitas, nesse tempo, ainda não haviam chegado à terra ou eram apenas um grupo de sacerdotes);
3. Nomes egípcios dados a levitas, como Hophni, Hur, Merari, Mushi, Fineias e Moisés.
4. A tentativa, por parte das fontes atribuídas a sacerdotes levitas (E, P e D), de identificar divindades adoradas pelos patriarcas (sob o epíteto "El") com o recém-chegado YHWH (Cf. Ex 3; 6).
5. Paralelos arquitetônicos entre o Templo/arca da aliança e elementos do culto egípcio (a circuncisão também era praticada no Egito).
6. A ênfase das fontes levíticas E, P e D em ordenarem que não se deve maltratar estrangeiros.
Lei ao texto completo no TheTorah.
Jones F. Mendonça
sábado, 2 de janeiro de 2021
JOSÉ COMO CONTO SAPIENCIAL
1. Em seu comentário ao livro de Gênesis (1949), von Rad destacou o “notável parentesco” da história de José com a sabedoria antiga. José é representado na história como uma espécie de manifestação concreta das virtudes exaltadas no livro de Provérbios: é paciente, piedoso, sábio, foge da mulher estrangeira, não retribui o mal com o mal, etc. Seria a história de José um conto sapiencial?
2. Em ensaio publicado em “The Book of Genesis” (Brill, 2012, p. 232-261), Michael V. Fox acolhe parcialmente a tese de von Rad (vê afinidade entre o relato e a tradição sapiencial), mas entende que a história não tinha a finalidade de instruir discípulos nas diversas virtudes da sabedoria. Sua principal intenção seria enfatizar “a desgraça e a reabilitação de um servo”, ensinando que os sábios também estão sujeitos às vicissitudes da vida (cf, Ecl 9,11).
Jones F. Mendonça
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
JÓ E A TEOLOGIA DA RETRIBUIÇÃO
2. Desafiando a teologia da retribuição, segundo a qual o sofrimento só se explica como resultado de alguma falta, Jó respondeu: “Então por que os ímpios continuam a viver, e ao envelhecer se tornam ainda mais ricos?” (21,7).
Jó padecia do corpo, mas não do cérebro.
Jones F. Mendonça
O BEIJO NA BÍBLIA
1. Faço investigações a respeito das demonstrações de afeto no Antigo Testamento, particularmente do beijo. É possível encontrar beijos paternos (Gn 31,55), beijos ardentes (Ct 1,2), beijos de reconciliação entre irmãos (Gn 34,4), beijos de despedida no leito de morte (Gn 50,1), beijos entre sogra e noras (Rt 1,9.14) e até beijos entre homens guerreiros (1Sm 20,41).
2. Em minha pesquisa também procurei saber como as versões traduzem tais textos. Para minha surpresa a Bíblia de Jerusalém troca “nashaq” (beijo, em hebraico) por “abraço” quando Jônatas beija Davi (1Sm 20,41 – além de se beijarem, choram copiosamente) e quando Noemi beija suas noras (Rt 1,9.14). Faz isso certamente para evitar que o leitor veja nos versos qualquer indício de relação homoafetiva.
3. Na epopeia de Gilgamesh, uma das histórias mais antigas da terra, o herói Gilgamesh chora amargamente enquanto se despede de seu inseparável amigo Enkidu, morto por derrotar o touro celeste enviado pela deusa Ishtar. Não seria prudente dizer, de forma precipitada, que Enkidu e Gilgamesh (e Davi e Jônatas) desenvolveram uma relação homoerótica. Ao mesmo tempo não é honesto torcer o texto com finalidade moralizante.
4. Quem estiver interessado em ler a história de Enkidu e Gilgamesh em formato HQ, pode encontrar duas obras muito bem ilustradas: “Cânone Gráfico 1” (autores diversos) e “Os melhores inimigos” (Jean-Pierre Filiu). Aos interessados em uma análise da relação entre Enkidu/Gilgamesh; Davi/Jônatas, sugiro: "When Heroes Love: The Ambiguity of Eros in the Stories of Gilgamesh and David", escrito por Susan Ackerman.
Jones F. Mendonça
APOCALIPSES E ANIMAIS FANTÁSTICOS
A CAPTURA DE SANÇÃO EM GUERCINO
JESUS COMO “NOVO MOISÉS” E “NOVO DAVI”
2. O terceiro evangelho está repleto de referências ao livro de Samuel, personagem que prepara o caminho de Davi, o ungido (messias) de Javé. Note que em Lucas, a história de João Batista se relaciona com a de Samuel: os dois pertencem a uma família de levitas, tanto a mãe de Samuel com de João Batista são estéreis; Ana e Isabel entoam um cântico com vários elementos em comum.
3. Mas as semelhanças não param por aí: Davi nasce em Belém e é ungido por Samuel; Jesus nasce em Belém e é batizado por João Batista. Assim, João Batista funciona como um “novo Samuel” e Jesus como um “novo Davi” (ou um “novo Samuel”, compare 1Sm 2,26 com Lc 2,40). Caso você tenha interesse em conhecer mais paralelos entre o relato da natividade e histórias do AT, visite o site da Biblical Archaeology Society clicando aqui.
Jones F. Mendonça