Publiquei aqui vídeos de um documentário (dublado em espanhol) baseado no polêmico livro "The Bible Unearthed: archaeology's New Vision of Ancient Israel" (A Bíblia desenterrada: uma nova visão arqueológica do Antigo Israel), escrito pelo arqueólogo israelense Israel Finkelstein e pelo historiador Neil Asher Silberman. No Brasil o livro ganhou o título comercial "E a Bíblia não tinha razão".
Agora é possível assistir ao documentário com legendas em português e em HD. Aproveite!
Jones F. Mendonça
Jones, qual sua opinião sobre o documentário?
ResponderExcluirIndispensável para quem deseja compreender os problemas envolvidos na reconstrução da história de Israel. As teorias de Finkeltein escandalizam leitores que não estão acostumados a uma leitura mais crítica da Bíblia hebraica (anacronismos, duplicações, etc.), mas é um trabalho que precisa ser conhecido e analisado.
ResponderExcluirJones. Aprecio tanto seu blog quanto a pesquisa e o livro da duplas Finkelstein e Silberman. Pretendo ministrar um breve curso na UFES a partir de abril. Sou medievalista graduado em Tel Aviv e leio/falo Hebraico. Usarei seu site e recomendarei aos alunos. tenho O DVD editado, mas alguns alunos faltam e usaremos seu link dos vídeos. Se tiver mais materiais eu agradeceria. Parabéns.
ExcluirSerfeld, a SBL disponibiliza gratuitamente livros sobre o tema para países com renda per capita baixa, como o Brasil. O último livro de Finklestein, "The forgotten kingdom", ainda não disponível em português, pode ser baixado aqui: http://numinosumteologia.blogspot.com.br/2013/10/o-reino-esquecido-de-israel-finkelstein.html
ExcluirHá muito mais aqui: http://www.sbl-site.org/publications/onlinebooks.aspx
Do mesmo modo Eilat Mazar e Yosef Garfinkel são fortemente influenciados por suas crenças religiosas. Resta saber se um trabalho assim pode ser chamado de científico. O historiador e o arqueólogo trabalham com hipóteses que possuam certo grau de plausibilidade. Se a existência de um personagem ou evento narrado em um documento (seja ele cristão, budista, hinduísta, mórmom, etc.) carece de elementos que os atestem, é natural sejam postos em dúvida.
ResponderExcluirPoucas novidades? Defender a hipótese de que a origem do povo judeu é cananeia, ou seja, que os judeus são cananeus na origem é uma novidade e tanto! Só isso já vale comprar o livro. É melhor ler o livro atentamente antes de desdenhá-lo de forma tão previsível.
ResponderExcluirVocê tem razão, as legendas dos dois últimos vídeos esão péssimas. Como pretendo apresentá-lo em sala de aula acabei comprando os DVDs na livraria Duetto.
ResponderExcluirJones, você poderia postar o link do produto para que eu possa adquirir, também?
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirWagner,
ResponderExcluirO documentário, legendado em português, recebeu no Brasil o nome "A Bíblia e seu tempo". Os dois DVDs juntos saem, numa promoção, por R$39,90 + frete.
Compre pela livraria Duetto clicando no link abaixo:
https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=1744&action=info
O meu já chegou. Considero uma excelente aquisição.
Grande abraço!
Jones, os argumentos de Finkelstein não me convencem. A tese fundamental de Finkelstein-Silberman, na verdade, é bem fraca e pode ser facilmente refutada através da própria Arqueologia.
ResponderExcluirA idéia principal de que o trabalho literário que teria produzido boa parte do Antigo Testamento é fruto de um projeto politico ideológico
que teve origem durante a Reforma de Josias, contraria evidencias arqueológicas como a Pedra Moabita de Mesha, rei de Moab.
Na estela do rei Mesha, que comemora a vitória e independencia de Moab sobre Israel, podemo ler:
"Omri era rei de Israel e oprimiu Moab durante muitos dias (...). Seu filho [, Acabe,] o sucedeu e também disse: Eu oprimirei Moab.
Mas Quemosh teve misericordia no meu tempo. (...); e tomei dele os vasos de Y-H-W-H e os ofereci diante de Quemosh."
Isso testemunha a associação existente entre Y-H-W-H e o reino de Israel, durante o governo de Acabe, cerca de 200 anos antes do período apontado por Finkelstein.
Além dessa evidencia externa, há também vários casos de evidencia interna, como em Provérbios 25:1: "Também estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá.", demonstrando influxo literário
bem antes de Josias.
Jeú, Josafá e Elias, contemporâneos de Acabe, são também pintados pelo deuteronomista como grandes defensores do Javismo.
E de Jeú, sobre o qual há registros assírios, pode-se dizer que, assim como Josias, empreendeu também uma verdadeira reforma politico-religiosa ao dizimar toda a familia de Acabe, com repercussões até para o reino de Judá, ao sul.
A reforma de Josias está assim, mais para uma releitura ou redescoberta do Javismo, que já existia antes dele, porém, radicalizando o tom exclusivista do culto em Jerusalém, o que antes não havia.
Veja, uma coisa é dizer que boa parte do AT é produto da ideologia do século VII, surgida no ambiente da reforma josiânica (concordo com Finkelstein). Outra é negar a prática do javismo entre os israelitas no período pré-josiânico (só um louco diria isso). Finkelstein, até onde sei, apenas nega o caráter monoteísta do javismo antes desse período. Josias, além de ter centralizado o culto em Jerusalém, teria feito a transição do politeísmo (no qual Javé era tido como divindade principal) para o monoteísmo. O Dêutero-Isaías é outra evidência dessa transição.
ExcluirO que Finkelstein faz é repetir uma velha fórmula, a teoria da reforma de Josias,
Excluirpara poder apenas encaixa-la nos seus dados arqueológicos.
Há vários problemas com essa teoria como, por exemplo, se essa reforma foi tão
profunda por que não há sinais dela em outros textos? A única passagem que cita
a reforma de Josias está no livro de Reis.
Se Josias teve pretensões expansionistas por que não há evidencias arqueológicas?
Se o livro de Josué é apenas um panfleto ideológico de Josias, por que estudiosos
como Brian D. Russel (The Song of the Sea) relacionam a origem do Cântico do Mar,
no livro do Êxodo, ao culto que era praticado em Gilgal, comemorando a abertura
das aguas do Jordão, mesmo evento citado no livro de Josué?
Acredito que a transição para o monoteísmo só tenha acontecido no exílio como
reflexão do fim trágico de Judá e como ação afirmativa de sua identidade dentro
da sociedade babilônica na qual foram exilados.
Lembre-se que o livro de Reis foi escrito no exílio. A história sobre o encontro
do livro da Lei está mais para uma tentativa de validar um livro
bem mais recente.