Entre agosto e outubro de 2004 o Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, organizou a exposição “pergaminhos do Mar Morto: um legado para a humanidade”. Na época, devido a uma pequena confusão, acabei indo parar no Museu Nacional Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Na portaria veio a decepção: os pergaminhos estavam expostos no outro Museu Nacional, próximo à praça XV, centro do Rio. Para não perder a viagem, pagei o ingresso e me dirigi à seção reservada ao Egito. Meu interesse estava voltado para quatro pequenos vasos funerários chamados vasos canopos, utilizados para guardar os órgãos internos de uma pessoa mumificada. Eu não tinha certeza se havia exemplares desses vasos lá. Mas minha viagem não foi em vão. Abaixo uma imagem dos vasos:
Vasos canopos, Egito |
As figuras moldadas nos vasos representavam as quatro divindades guardiãs, filhas de Hórus: Inseti (cabeça de homem), Hapi (babuíno), Duamutef (chacal), e Kebehsenuf (falcão). A primeira vez que vi esses vasos num livro (Carl Jung, O Homem e seus símbolos) foi despertado para a semelhança que tinham com os quatro seres viventes que aparecem nos capítulos 1 e 10 do livro do profeta Ezequiel. Leia e compare:
os quatro tinham rosto de homem, rosto de leão no lado direito, rosto de boi no lado esquerdo, e rosto de águia (Ez 1,10).
Sim, há diferenças significativas. Em Ezequiel aparece o leão e o boi (Em Ez 10,19 o boi é substituído por um queruv). Nos vasos o macaco e o chacal. Além disso, os seres de Ezequiel são alados. Apesar das diferenças, em ambos os casos os quatro seres aparecem como guardiões. Em Ezequiel são protetores do trono divino. Nos vasos canopos ele protegem os órgãos internos da pessoa mumificada. É preciso destacar que nas civilizações antigas os queruvins atuavam como guardiões. Coincidência?
Intrigado com os estranhos elementos presentes na visão do nosso profeta exilado, continuei minhas pesquisas. Comprei alguns livros contendo ilustrações artísticas produzidas por civilizações antigas vizinhas do Antigo Israel, tais como Babilônia, Egito, Assíria, Fenícia, Pérsia, Síria, etc. O resultado? Posso adiantar que há semelhanças notáveis. Em breve publico algo a respeito.
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