Engatei a quinta marcha na leitura de “O segundo sexo” da filósofa francesa Simone de Beauvoir. No segundo volume Simone dedica-se a
falar a respeito de alguns conflitos que atormentam meninas na fase da
adolescência, sobretudo no período das primeiras menstruações.
Embora as automutilações sejam vistas por muitas pessoas
como um fenômeno contemporâneo, Simone relata em detalhes os diversos casos com
os quais teve contato ao longo de sua vida (o livro foi escrito na década de
40!). Para a autora muitos dos casos têm origem na negação da sexualidade. Eis
o que ela diz:
Essas práticas sadomasoquistas são, ao mesmo tempo, uma antecipação da experiência sexual e uma revolta contra ela; é preciso, suportando essas provações, enrijecer-se conta toda a provação possível e assim torná-las toda anóditas [=menos dolorosas], inclusive na noite nupcial.
Difícil saber se Simone estava certa ou não. Certo mesmo é
que pesquisas feitas por Robert Rosenthal, na década de 70, revelaram que 60% das inscrições corporais ocorrem no momento das menstruações.
Sobre a prática da automutilação na Idade Média, sob o manto
da piedade, vale ler: “Papas y Putas: Historia Sexual del Cristianismo”, de Karlheinz
Deschner e Oliver Tad.
Jones F. Mendonça
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