Massacre de Wounted Knee |
A proclamação da
República, em 1889, foi vista por Antônio Conselheiro como a encarnação do
próprio Anticristo. Em suas palavras: “o Satanás trouxe a República [mas] Belos
Montes será o campo de Jesus... Os republicanos não devem ser poupados, pois
são todos do Anticristo”. Como sabemos o movimento de resistência liderado por
Conselheiro foi sufocado pelo governo na famosa “guerra” (ou massacre?) de
Canudos.
Os Estados Unidos
conheceram um fenômeno de resistência semelhante. Tudo começou com a crescente
influência de um movimento religioso chamado “Ghost dance” (dança fantasma) entre os índios Sioux na Reserva Indígena de Pine Ridge (Dakota). Os
nativos começaram a achar que suas seguidas derrotas para as tropas americanas
deviam-se ao abandono dos costumes tradicionais. A solução: a rejeição dos
costumes dos brancos e a luta armada. Acreditavam que em seguida os deuses
criariam um mundo novo, o “paraíso das manadas de búfalos”. Mas a resistência
sioux não acabou bem: Touro Sentado (visto como o líder da seita) foi morto e
as tropas do governo massacraram os índios da reserva de Wounded Knee.
Esses dois
movimentos estão repletos de pontos em comum: 1) fundamentação religiosa, 2)
explicação do sofrimento a partir da ameaça da mudança dos costumes, 3) extermínio
do inimigo para preservar os valores tradicionais, 4) anúncio da chegada de um
reino escatológico, 5) florescimento na virada do século (final do século XIX).
Minha pergunta: teria a religião sioux recebido influência do milenarismo
cristão dos colonizadores (neste caso a virada do milênio teria desempenhado um
papel importante) ou não há qualquer relação entre os dois fenômenos?
Jones F. Mendonça
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