No século XIV, diante
do desejo de não mais recolher tributos ao papa, um teólogo inglês chamado John
Wyclif foi contratado pelo rei João de Gante como “peculiares regis clericus”
(clérico a serviço especial do rei) a fim de preparar uma defesa contra o envio
dos tributos. Com muita astúcia, Wyclif saiu-se com essa:
O papa não pode pedir este tesouro a não ser por meio de esmolas... Uma vez que toda a caridade principia em casa, seria obra não de caridade, e sim de loucura canalizar as esmolas do reino para o exterior [nessa época o papa residia na França, inimiga da Inglaterra] quando o próprio reino está necessitado delas.
Vendo-se sem saída
diante da recusa da Igreja em atender ao pedido, Wyclif recomendou a
independência da Inglaterra. Sua proposta soou tão escandalosa à época que os
conselheiros do rei recomendaram que não mais fizesse declarações sobre o
assunto. Mas as sementes de suas ideias brotaram e fincaram raízes.
Cerca de duzentos
anos depois, aproveitando-se do êxito da reforma de Lutero, um rei levou a cabo a proposta de
Wycliff. Henrique VIII confiscou os bens da igreja, casou-se de novo (ignorando recomendações do papa) e criou seu próprio clero. E foi assim que nasceu a
igreja anglicana.
Jones F. Mendonça
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