segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A TEOFANIA DO SINAI

“Ora, todo o povo presenciava os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte a fumegar; e o povo, vendo isso, estremeceu e pôs-se de longe” (Ex 20,18).
Quem lê o texto com atenção percebe que Yahweh se manifesta como uma erupção vulcânica (ver ainda Ex 13,21s; 14,19b-24; Dt 4,11; Sl 104,31-32). Há quem suponha que o Sinai era na verdade um vulcão. Como não há vulcões na península do Sinai seria preciso situar o monte na costa oriental do Golfo de Áqaba (Midiã). Corrobora com essa teoria o texto de 1Rs 9,26, que situa o Mar Vermelho (na verdade “yam suf” = “mar dos juncos”) em Edom, região que faz fronteira com Midiã. Difícil é imaginar Moisés subindo num vulcão em erupção!

Quem vê o relato como sendo uma composição tardia (não histórica ou com alguma matriz histórica) enxerga de outro modo a teofania do Sinai. Em tempos remotos Yahweh seria uma espécie de Deus vulcão. Com o tempo Yahweh e vulcão teriam sido dissociados como resultado da racionalização da fé. A erupção passou a ser entendida como mero fenômeno que acompanha a manifestação divina. O Deus de Israel seria uma divindade midianita adotada por grupos pré-israelitas.  A referência a Jetro, sacerdote midianita, seria um resquício da tradição que liga Yahweh a erupções vulcânicas.



Jones F. Mendonça

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