"O profeta Isaías", de Raffaello Sanzio (1511-12), Sant'Agostino, Roma. |
Fazendo uma busca no Google deparei-me com um artigo escrito por Luiz Sayão destacando a importância do estudo do hebraico bíblico para quem deseja compreender o texto do Antigo Testamento. Até aí tudo bem. Percorrendo com os olhos as linhas do artigo, eis que Sayão diz o seguinte:
O hebraico é a língua antiga mais preservada que existe. Se Isaías ressuscitasse hoje teria condições de comunicar-se e de pedir um almoço em um restaurante de Jerusalém.
Aqui Sayão exagerou. Se no primeiro século o hebraico falado na Galileia já era ligeiramente diferente do falado em Jerusalém (os galileus tinham dificuldade com as consoantes guturais), imagina comparar o hebraico falado no século VIII (época em que viveu o primeiro Isaías) com o falado hoje em Jerusalém!
É preciso lembrar que os sinais vocálicos presentes na Bíblia hebraica atual só foram inseridos por volta do século V d.C. por estudiosos que ficaram conhecidos como massoretas. Será que a vocalização das palavras hebraicas feita pelos massoretas era igual a de Isaías? E mais. Será que a vocalização atual corresponde à dos massoretas?
Mas e se Isaías entrasse no restaurante e escrevesse numa folha de papel o seu pedido? Ainda assim não seria compreendido. Os caracteres quadráticos, conforme aparecem na Bíblia hebraica e nos atuais jornais de Israel, só surgiram após o exílio babilônico (século VI a.C.). Isaías escreveu em paleohebraico. A menos que o garçom fosse um epigrafista experiente Isaías iria continuar com fome. E se estivesse nú e descalço como em Is 20,3 sequer teria chance de entrar no estabelecimento!
Jones F; Mendonça
Jones F; Mendonça
Boa! Maldade, mas boa!
ResponderExcluirE, fosse verdade, "Almeida" estaria melhor traduzida do que está - e com o agravante: não está porque não se quer... Ou será que, a essa altura, não se pode mais?
Acho que é preciso levam em conta o fato dele ter escrito para um público leigo. É um texto bem devocional. Mas que ele exagerou, ah exagerou.
ResponderExcluirPôxa!
ResponderExcluirFiquei muitíssimo surpreso ao ler o texto acima.
Não acreditei no que está escrito, pois, segundo o meu entendimento, o Prof. Luiz Sayão está COMPLETAMENTE correto!
Dizer que "os sinais vocálicos presentes na Bíblia hebraica atual só foram inseridos por volta do século V d.C. por estudiosos que ficaram conhecidos como massoretas" está correto mas não tem NENHUMA relação com o que se está negando.
O posicionamento deste texto é incoerente e também é desonesto com o Prof. Luiz Sayão.
Reflita sobre isto e faça as devidas correções.
"Nada podemos contra a verdade, senão em favor dela própria".
Será que vais publicar este comentário??
Abraços.
Anônimo,
ResponderExcluirPublico todos os comentários postados aqui, exceto os ofensivos. Aliás, optei por não moderá-los. Quando alguém faz algum comentário, ele é publicado imediatamente. Não tenho medo de críticas. O Numinosum é um Blog democrático.
Terei um imenso prazer em fazer as "devidas correções" e "incoerências" caso me mostre onde estão.
No aguardo,
Jones