domingo, 14 de novembro de 2021

AS DISPUTAS RELIGIOSAS E AS "FAKE NEWS" NO BRASIL REPÚBLICA

1. Leio jornais das primeiras décadas do século XX para compreender bem como se davam as disputas religiosas após a Constituição Republicana de 1891. Em julho de 1943, diante do crescimento do pentecostalismo no Brasil, um jornal católico publicou texto contra os pentecostais, classificados como “os mais ignorantes, os mais fanáticos e os mais perniciosos de todos os protestantes”. E acrescenta “suas reuniões são verdadeiras ‘macumbas’”.

2. O autor destaca que a “seita pentecostal” era repudiada até mesmo pelos demais protestantes e argumenta, por exemplo, que uma edição do Jornal Batista no início da década de 30 – classificado pelo autor como “jornal protestante-esquerdista” (!) – enumerou alguns dos frutos do pentecostalismo. Na relação aparecem: “perda de fé, amor livre, imoralidade, espiritismo, hipnotismo... loucura”, etc. A estratégia católica era destacar os efeitos nocivos do livre exame luterano, prática que a cada dia gerava mais denominações protestantes que já nasciam se digladiando.

3. Na sequência também é mencionado o jornal presbiteriano “A Mensagem”, que teria tratado o pentecostalismo como “seita turbulenta e de confusão”. Outro jornal presbiteriano, “O Puritano”, publicado em 1939, teria noticiado que num culto pentecostal, “após alguns dias de jejum e reuniões e gritarias” um membro tentou arrancar a língua de um bebê, imaginando estar possuída pela “antiga serpente”.

4. Apesar de toda a oposição católica (com boa dose de exageros, inclusive ampliando a crítica protestante aos pentecostais), o pentecostalismo veio para ficar. O jornal Diário da Noite noticiava, em 10 de março de 1969, a inauguração no largo da Pompeia, em São Paulo, daquele que seria “o átrio do maior templo evangélico do mundo”, com a presença do prefeito Faria Lima. O projeto do templo, sede da Igreja Pentecostal Brasil para Cristo, previa até mesmo a construção de um heliponto!

 

Jones F. Mendonça

3 comentários:

  1. Aqui no RS era comum esse mesmo comportamento por parte dos luteranos em relação aos pentecostais. Tenho um livro dos anos 80, chamado "E os crentes?", de Evaldo Luis Pauly, no qual ele considera os pentecostais como "cristãos de segunda linha", basicamente.

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  2. De modo geral, os protestantes históricos criticaram bastante os pentecostais. A crítica mais severa, no entanto, vinha dos católicos.

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  3. Até hoje os tradicionais tecem críticas.Como pentecostal admito que algumas delas procedem, pois muitos se o titular receber o Espírito Santo em contrariedade ao ensinos bíblicos. Contudo advirto não existe igreja perfeita, está condição só existirá após a segunda vinda de Cristo!

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