Mulheres com o rosto borrado no jor- nal ultra ortodoxo B'Hadrei Haredim. |
Embora muita gente não se dê conta, o abandono da poligamia no judaísmo foi um processo lento. Joachim Jeremias, em
seu “Jerusalém no tempo de Jesus” (pp. 131-136 e 486) registra - citando
diversos documentos judaicos - a prática da poligamia entre judeus na Palestina
do primeiro século (e até mesmo no início do século XX!). Mas a vida na Europa forçou muitos judeus a se adequarem ao
modelo familiar monogâmico cristão. A poligamia foi sendo abandonada
gradativamente até que foi definitivamente condenada num "sínodo" realizado em Worms,
no século XI. Nessa assembleia, dirigida pelo erudito talmúdico Gershon ben Yehudah (960-1028) e constituída por cem rabinos, foi proferida uma anátema contra todo o israelita que, no futuro, tivesse mais de uma esposa (um pouco mais sobre o assunto aqui).
A
crença na “superioridade moral” do judaísmo sobre o islamismo no que diz respeito ao
trato dispensado às mulheres parece-me um equívoco, principalmente quando a fonte
de comparação baseia-se no contraste entre o Estado de Israel (tradição judaica)
e os demais países do Oriente Médio (tradição muçulmana). Ora, Israel foi
povoado por imigrantes pertencentes a duas categorias principais: 1) judeus desejosos por criar uma nova
cultura judaica em bases seculares; 2) judeus de base religiosa tradicional. A
difusão de valores ocidentais baseados em princípios de liberdade, igualdade e
fraternidade ganharam espaço graças a esses imigrantes de base secular. Isso torna
Israel um país singular no Oriente Médio, mas essa singularidade não tem sua origem na religião. No Estado judeu a mulher goza de um
status mais elevado que nos países vizinhos não por causa da religião judaica,
mas devido à influência das ideias iluministas importadas do solo europeu.
Em
religiões nas quais Deus é Uno e é Pai, o que resta às mulheres senão um papel
secundário?
Interessante... Eu imaginava que só não importamos uma relevância maior para as mulheres da cultura grega por conta do histórico machismo judaico. Afinal é sempre a mulher que é adultera, estéril, rixosa, etc.
ResponderExcluirInteressante... Eu imaginava que só não importamos uma relevância maior para as mulheres da cultura grega por conta do histórico machismo judaico. Afinal é sempre a mulher que é adultera, estéril, rixosa, etc.
ResponderExcluirVocê já encontra em filósofos gregos como Aristóteles certo desdém para com as mulheres. O cristianismo herda do judaísmo e do mundo grego certa tendência de dar à mulher um papel secundário. Os Pais da igreja, inspirando-se também nos filósofos, insistem em condenar os excessos (maquiagem, ardor sexual mesmo entre marido e mulher, riso excessivo, etc,). Deu no que deu...
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