Em
Ezequiel 16 Jerusalém é comparada a uma menina recém-nascida abandonada pelos
pais, mais tarde acolhida, cuidada e embelezada com as mais finas jóias e
vestes por Javé, Deus de Israel, até que atinja a idade adulta.
O processo de transformação do bebê abandonado em uma belíssima mulher é detalhadamente descrito pelo profeta. De acordo com a NVI (Nova Versão Internacional), no verso 12 a mulher recebe “um pendente”, brincos nas orelhas e uma linda coroa na cabeça (NVI):
O processo de transformação do bebê abandonado em uma belíssima mulher é detalhadamente descrito pelo profeta. De acordo com a NVI (Nova Versão Internacional), no verso 12 a mulher recebe “um pendente”, brincos nas orelhas e uma linda coroa na cabeça (NVI):
dei-lhe um pendente, pus brincos em suas orelhas e uma linda coroa em sua cabeça.
A
dúvida que fica é: onde foi colocado esse “pendente”? Uma rápida consulta ao
texto hebraico revela que a NVI omitiu a expressão “al-appekh”:
Uma
tradução literal ficaria assim:
Dei uma argola/anel/pendente sobre teu nariz...
Os
tradutores da NVI parecem ter censurado o piercing da moça (omitiram “sobre teu
nariz”). Estranho é que em Gn 24,47 esses mesmos tradutores não ocultaram o
local no qual foi posto um pendente em Rebeca:
“Então coloquei o pendente em seu nariz (hanezem al-appah) e as pulseiras em seus braços”.
A
construção do texto é basicamente a mesma, o que muda é a presença do artigo
antes de “pendente” (hanezem = “o pendente”)
e o sufixo pronominal de 3ª p. sing. fem. anexado à palavra nariz (appah= nariz dela).
A
ACF (Almeida Corrigida e Fiel) faz algo igualmente curioso. Em Ez 16,12 traduz
“pendente na testa”, mas em Is 3,21 traduz por “joias do nariz” (venizmey haaf
– no construto). Mais uma vez as palavras são as mesmas: “pendente/argola/anel”
(nezem) e “nariz” (af), o que muda é a forma como o texto foi construído.
Quem
entende o que vai pela cabeça desses tradutores?
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