sexta-feira, 8 de abril de 2022

AMÓS E OS "DIREITOS HUMANOS"

1. O livro do profeta Amós, atribuído a um sujeito que não era “nem profeta, nem filho de profeta”, expõe logo no início do livro que leva seu nome uma série de oráculos condenatórios contra oito nações vizinhas: Damasco, Gaza, Tiro, Amon, Moab, Edom, Judá e Israel. Com o perdão do anacronismo, poderíamos dizer que boa parte das denúncias presentes nos capítulos 1 e 2 aparecem relacionadas a “violações dos direitos humanos”.

2. Os arameus de Damasco são criticados por “devastarem a terra”; os filisteus de Gaza por “deportarem populações”; os fenícios de Tiro e o povo de Edom por “violarem pactos” entre irmãos. Os amonitas são duramente censurados por terem ferido grávidas com a morte; os moabitas por profanarem cadáveres e o povo de Judá por desprezar os preceitos divinos. Amós – como Jeremias – não poupa nem o seu próprio povo (ele era natural de Tecoa, ao sul de Jerusalém).

3. A última nação a ser condenada é o reino de Israel, ou “Israel do Norte”, também referenciada como “casa de Jacó” ou “casa de Isaac”. São onze versos destinados a esta nação. Muito mais do que a média. Trata-se de um crime terrível. Suas críticas são formuladas poeticamente com muita maestria, força e clareza:

        "Eles vendem o justo por prata
        e o indigente por um par de sandálias".

        "Esmagam sobre o pó da terra a cabeça dos fracos
        e tornam torto o caminho dos pobres".

4. Agostinho, no século V, teve a infelicidade de classificar esses livros mais curtos como "profetas menores". Muita gente – ainda mais infeliz! – imagina que são "menores" porque são menos importantes. Mas é um livro arretado. Atual. Forte. Sempre Necessário.



Jones F. Mendonça

Um comentário:

  1. Será q estas pessoas ligadas ao clero romano q desmereceram os livros de amós e YAZAQUYAH n fizeram pq os livros vieram a denunciar a corrupção dos HEBREUS e das elites ligadas a elez na época ?

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