Um tipo de
expressão recorrente no Antigo Testamento para indicar todo o território
pertencente a Israel é “de Dã a Bersabeia” (cf. Jz 20,1; 1Sm 3,20; 2Sm 3,10;
17,11; 24,15; 1Rs 4,25). Assim, a Bíblia sugere que essas cidades funcionavam
como marcos fronteiriços desde o tempo dos juízes (século XII a.C.). Alguns
arqueólogos, porém, argumentam que não há evidência de que a região de Dã era
ocupada por israelitas nesse período (pertenceria aos arameus ou aos fenícios).
Formularam então uma tese: Dã como limite fronteiriço ao norte e Bersabeia como
limite fronteiriço ao sul correspondem ao território de Israel no século VIII. Os escritores bíblicos teriam projetado para um passado distante os limites de
suas fronteiras atuais.
Mas
a descoberta de uma inscrição num jarro de cerâmica encontrado em Abel Beth Maacah (2Sm 20,14) - situado no
antigo território de Dã - pode obrigar os arqueólogos mais céticos (como
Israel Finkelstein) a repensarem suas conclusões. Os responsáveis pela escavação estão dizendo
que a inscrição "pertencente a Benayau" conteria um nome teofórico javista e que deve ser datada para o
século IX ou início do século VIII. Como sei que a datação e a diferenciação
entre o hebraico antigo e o fenício não são tarefas tão simples, estou aguardando
o pronunciamento do epigrafista Christopher Rollston em seu Blog. Também é importante aguardar a análise petrográfica, feita com o propósito de determinar o local onde foi produzido o artefato e descartar a possibilidade de que tenha sido adquirido numa transação comercial.
Jones
F. Mendonça