quinta-feira, 8 de novembro de 2018

OS REFORMADORES E AS MULHERES

Lutero, tudo mundo sabe, abandonou a vida celibatária e casou-se com Catarina von Bora em 1525. Ele mesmo confessou que fez isso não pelo desejo, mas para “agradar seu pai e aborrecer o Papa” [1]. Calvino, alguns anos depois, também decidiu arrumar uma esposa. Pediu ajuda a dois amigos. A recomendação foi a seguinte:
Não sou daqueles amantes loucos que, ao ficarem fascinados pelo belo corpo de uma mulher, aceitam também seus defeitos. Eis apenas um tipo de beleza que me seduz – que ela seja casta, prestimosa, econômica, paciente e que zele pela minha saúde[2].
Ambos se esforçaram para mostrar que não se casaram atraídos pelo desejo, pela carne nua, pelo sexo. Herdeiros da teologia dos primeiros padres, que ensinavam que “o casamento é o desejo da procriação e não a ejaculação desordenada do esperma que, aliás, é contrária tanto à lei quanto à razão”[3].

[1] LINDBERG, Carter. As reformas na Europa, 2001, p. 126. 
[2] DURANT, Will. A Reforma, p. 392. 
[3] Clemente de Alexandria, O Pedagogo, II, 10.


Jones F. Mendonça

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