terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A ESTRELA DE BELÉM E O MAGO TUPINANBÁ


O relato da visita dos magos, inserido no início do primeiro evangelho (Mt 2), pretende destacar o caráter messiânico (e universalista) de Jesus. São nítidos os paralelos entre a postura dos “magos do Oriente” e a do “Mago Balaão” em Nm 23.

Balaão, como os magos de Mateus, reconhece o futuro de Israel como “reino exaltado” (Nm 24,7) do qual “procederá uma estrela” que “destruirá os filhos do orgulho” (Nm 24,17). O Herodes de Mateus, que não é bobo, entendeu o recado.

No início do século XVI, no embalo do êxito das conquistas no além-mar, a arte cristã portuguesa viu no relato da visita dos magos um oportuno instrumento de cristianização do imaginário indígena.

Nesta tela de Vasco Fernandes (1501-6), um dos magos (Baltazar), outrora representado como negro, aparece na figura de um ameríndio tupinambá!



Jones F. Mendonça

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