“A morte de Moisés”, por Alexandre Cabane (1850), como retratando
em Ex 34,29. Repare que Moisés aparece com cornos, com chifres de luz.
Ex 34,29, traduzido de forma literal, diz: “E Moisés não
sabia que ‘tinha chifres’ [hebraico = qaran] a pele de seu rosto” (umoshé lo-yada ki karan or panav).
Jerônimo traduziu o texto para o latim assim: “cornuta esset facies sua”.
Isso explica o Moisés chifrudo retratado pelos artistas renascentistas.
Mas será que Moisés foi realmente retratado com chifres no
texto bíblico? No hebraico qeren –
substantivo da mesma raiz verbal qaran
(QRN) - é empregado com sentido “poder”, “força”, como em 1Sm 2,1: “o meu chifre
[=qeren] se exalta em meu Deus”, ou
seja, “meu poder se exalta em meu Deus”. Ou ainda no Sl 132,17: “em Ali farei
brotar um chifre [=qeren; força,
descendência] para Davi.
Infelizmente a forma verbal “qaran”
só aparece em Ex 34, dificultando a tradução. Há quem pense que a imagem dos
chifres evoque raios de luz. Talvez indique de seu rosto saia poder. Uma última
hipótese, mais polêmica, sugere que Moisés realmente é retratado no texto com
chifres, tal como Baal, por exemplo. Será?
Curioso é que em 34,33 Moisés cobre o rosto com um “masveh”, termo
traduzido por “véu”, sugerindo que a ideia era impedir que o brilho de seu
rosto ofuscasse os “filhos de Israel”. Ocorre que a palavra também só aparece
neste capítulo. O objeto seria mesmo um véu? Por que Moisés precisava esconder o rosto? O que ele escondia? Chifres? Raios de luz?
Você tem um palpite?
Jones F. Mendonça
Você tem um palpite?
Jones F. Mendonça
Nenhum comentário:
Postar um comentário