sexta-feira, 30 de outubro de 2009

IGREJA LUTERANA ALEMÃ ELEGE MULHER LÍDER

Pela primeira vez na história da igreja protestante alemã, esta será liderada por uma mulher. Margot Kässmann tem 51 anos, é divorciada e conhecida como “Bispo Pop”.


Cerca de
metade dos cristãos na Alemanha pertencem à Igreja Evangélica da Alemanha, que é de tradição luterana. Margot Kässmann torna-se assim líder espiritual de cerca de 25 milhões de fiéis.


A atual bispo de Hanover era considerada uma candidata
polêmica ao lugar, devido ao fato de ser divorciada. Mas a mãe de quatro filhos conseguiu 132 de 142 votos para garantir o lugar.


Kässmann, que ganhou a sua alcunha pelas frequentes aparências televisivas, é descrita como defensora do diálogo ecumênico, em particular com a Igreja Católica, que contabiliza ligeiramente mais fiéis que a Evangélica. Contudo, a ordenação de mulheres ao sacerdócio nesta confissão protestante é um grande obstáculo a esse diálogo, uma vez que Roma não aceita essa prática.


Com esta eleição Kässmann torna-se a terceira mulher a liderar uma grande igreja cristã no mundo, estando agora na companhia de Katherine Jefferts Schori, primaz da ultra-liberal Igreja Episcopal (ramo da Comunhão Anglicana nos EUA), e Susan Johnson da Igreja Evangélica Luterana do Canadá.


As rainhas Isabel II do Reino Unido, e Margarida II da Dinamarca são as chefes oficiais da Igreja Anglicana e da Igreja da Dinamarca respectivamente, mas esse é um posto essencialmente cerimonial e nenhuma das duas é considerada clériga.

Fonte: Renascença/Notícias Cristãs

DECLARAÇÃO CONJUNTA SOBRE DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO COMPLETA DEZ ANOS

Augsburgo, 29 out (RV) - Terá início amanhã, em Augsburgo, na Alemanha, um simpósio a fim de comemorar os dez anos da declaração conjunta sobre a Doutrina da Justificação assinada nessa cidade em 31 de outubro de 1999, pela Federação Luterana Mundial (LWF) e pela Igreja Católica.


A declaração é fruto de vários encontros de diálogo realizados entre
luteranos e católicos. É uma pedra fundamental no campo ecumênico.


Com o documento a Federação Luterana Mundial e o Vaticano afirmavam que as repetidas condenações recíprocas, ocorridas durante séculos em matéria de justificação, não seriam mais objeto da doutrina das respectivas Igrejas. Em
2006 a declaração foi assinada também pelas Igrejas pertencentes ao Conselho Mundial das Igrejas Metodistas.


Participarão das comemorações o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, e o secretário-geral em fim de mandato da Federação Luterana Mundial, Ishmael Noko.


O evento se concluirá no próximo dia 31 com uma celebração
ecumênica na catedral de Augsburgo. (MJ)

Fonte: Rádio Vaticano

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

MARINA SILVA: ECOLOGIA COM MENOS ESCATOLOGIA

Por Jones Mendonça


Marina Silva não tem me decepcionado. Dias desses tive a grata oportunidade de vê-la pregar numa Assembléia de Deus sobre preservação do meio ambiente. A Assembléia de Deus, como a grande maioria das igrejas pentecostais, sempre teve um discurso bastante escatológico (ênfase o fim dos tempos), por causa disso pouca importância deu à preservação dos recursos naturais. Marina me surpreendeu com um sermão ecológico baseado na Bíblia, bem ao estilo Leonardo Boff e Frei Beto.


Uma outra postura interessante de Marina foi ter deixado claro que não possui um discurso fundamentalista como ocorre com freqüência entre os políticos evangélicos americanos. Ela deixou isso bem claro quando disse: “Nunca defendi o criacionismo nas escolas”. Concordo com Marina, escola é lugar para ciência, e não para religião, exceto nas aulas reservadas para o tema, ainda assim, sem fazer apologia confessional.


Não acredito que Marina esteja sendo pragmática. Ela é uma mulher inteligente, esclarecida e engajada naquilo que faz. O Brasil precisa de políticos assim. O Brasil precisa de evangélicos assim!


Efatá!

APOSENTADA MORRE E FAMÍLIA ESPERA TRÊS DIAS PELA 'RESSURREIÇÃO' NA PARAÍBA

Aposentada, antes de morrer, pediu que seu corpo não fosse mexido.Funcionário de cemitério disse que corpo não enrijeceu em 72 horas.


A aposentada Ivaneide Barbosa do Nascimento, 66 anos, morreu no sábado (24), mas só foi sepultada nesta terça-feira (27), em João Pessoa. Segundo familiares e amigos, a demora teria sido um pedido feito por ela em seu leito de morte. Irmã Neide, como era conhecida na capital paraibana, oferecia consultas espirituais para a comunidade e algumas pessoas chegaram a imaginar que ela pudesse ressuscitar.


A casa onde ela morava virou atração para curiosos durante os três dias que o corpo da aposentada ficou no local. Irmã Neide foi sepultada na tarde desta terça-feira no Cemitério Parque das Acácias.


“Havia uma expectativa de que ela ressuscitaria após três dias. Não posso dizer que cheguei a acreditar nisso, mas oramos muito e pagamos para ver. Passado o período, tivemos de providenciar o sepultamento”, disse Eudmarco Medeiro de Farias, 33 anos, secretário e amigo da família.


Carlos Antonio da Silva, 52 anos, que preparou o corpo da aposentada para o sepultamento, disse que nunca viu algo parecido. “Em dez anos de profissão no cemitério, nunca vi um corpo não enrijecer, não exalar odores e não inchar em 72 horas. Parecia que ela tinha acabado de morrer”.


Farias disse ainda que Irmã Neide fez um último pedido instantes antes de morrer. “Ela falou para a funcionária que trabalha na casa dela para que a hora dela estava chegando e que não era para mexer no corpo dela durante três dias. Ela pediu que não fosse sepultada neste período”.


Segundo ele, os parentes da aposentada, que estão divididos em vários países e estados brasileiros, teriam tempo para vê-la antes do sepultamento. “Parecia que ela queria estar bem para se despedir da família. Todos consideram que ocorreu um milagre. Parecia que ela estava dormindo, apenas descansando”, disse Farias.
Assim como foi intensa a movimentação de curiosos na casa da aposentada desde sábado, o velório de Irmã Neide também atraiu muitas pessoas. Apesar disso, familiares e amigos não acreditam que a casa onde ela viveu se transforme em local de peregrinação.


Fonte: G1/Notícias Cristãs

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

OS MÍSTICOS MEDIEVAIS E SUA LINGUAGEM SEXUAL

Por Jones Mendonça

Não há dúvida do valor que tiveram os místicos medievais. Até Lutero foi influenciado por eles. A linguagem sexual era muito empregada pelos místicos para descrever o relacionamento entre o fiel e Deus. Teresa de Ávila foi uma dessas. Leia o texto abaixo e perceba nas entrelinhas a forte conotação sexual de sua visão:

Via um anjo ao pé de mim, ao lado esquerdo, em forma corporal [...] Não era grande, antes pequeno, muito belo, e o rosto tão incendido, que parecia ser dos anjos mais elevados – desses que parecem abrasar-se todos [...] Vi-lhe nas mãos um grande dardo de ouro, e na ponta da arma pareceu-me ver um pouco de fogo. E parecia que mo enfiava pelo coração algumas vezes e me chegava até as entranhas. Ao tirá-lo, cuidava eu que as levava consigo e me deixava toda abrasada num grande amor de Deus. A dor era tão forte que me fazia soltar gemidos; e tão excessiva a suavidade que me deixava aquela dor infinita, que não se podia desejar que me deixasse nem se contenta a alma com menos do que Deus. Não é dor corporal, mas espiritual, embora o corpo não deixe de ter participação e grande. É um trato de amor tão suave que passa entre Deus e a alma que, suplico eu à sua bondade, faça-o gozar a quem pensar que estou mentindo”[1].

Recentemente, com o chamado “louvor extravagante” a linguagem sexual dos místicos voltou a todo vapor. Como no passado o livro de Cantares tem sido a fonte de inspiração da grande maioria dos cânticos que seguem essa linha. Mas será que este livro fala mesmo do amor de Cristo pela igreja ou de um homem por uma mulher? Estou mais inclinado à segunda opção...


Nota:
[1] LEÓN, Luiz (Edit). Vida de Santa Teresa de Jesus escrita por ela mesma. Tradução de Rachel de Queiroz. São Paulo: Loyola, 1998, p. 171.


Figura:
Êxtase de Teresa d’Ávila, escultura de Bernini (1645 a 1652). Encontra-se na capela Cornaro, Igreja de Santa Maria Vitória, Roma. Teresa d’Ávila foi uma mística cristã do século XVI, autora da frase: “toda a miséria do presente é suportável pela esperança do beijo divino”.

sábado, 17 de outubro de 2009

PORQUE O PAPA USA O SÍMBOLO DA CRUZ INVERTIDA? (CRUZ DE SÃO PEDRO)

A cruz invertida, também conhecida como a cruz de São Pedro, tem sido vista como um símbolo satânico por grupos fundamentalistas evangélicos, mas o seu uso por seitas satânicas é tardio. Historicamente, tem sido usada pelo clero romano como um símbolo de humildade, já que na tradição católica Pedro teria se recusado a ser crucificado como Cristo e pedido para ser martirizado de cabeça para baixo [1].

Apesar de ser protestante, não acho honesto mentir para criticar a religião alheia. Acusar o papa de usar um símbolo satânico é um anacronismo gritante que revela a ignorância em relação à história da igreja.

Nota:
[1] Há várias referências a esse episódio em documentos dos primeiros séculos. Podemos destacar dois: “Pedro, ao ser martirizado em Roma, pediu e obteve fosse crucificado de cabeça para baixo (Orígenes, Com. in Genes. 3). “Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo (Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica 3,1).

Fontes:
symboldictionary.net
CESARÉIA, Eusébio de. História Eclesiástica. Tradução de Wolfgang Fischer. São Paulo: Novo Século, 2002.
COMBY, Jean. Para leer la historia de la iglesia - De los orígenes al siglo XV. Estella: Verbo Divino, 1993.

Crédito da imagem:
Giotto di Bondone
O martírio de Pedro (detalhe)
c. 1330
Têmpera sobre painel
Pinacoteca, Vaticano

terça-feira, 13 de outubro de 2009

COMO SE DÁ O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO DOS SANTOS NA IGREJA CATÓLICA?

Por Jones Mendonça

Nos primeiros séculos, quando o cristianismo sofria com as perseguições, bastava a certeza do martírio para dar início à veneração do mártir. Geralmente essa veneração era dirigida aos eremitas, cenobitas (monges que viviam no isolamento – também eram conhecidos como anacoretas), bispos e doutores da Igreja, cuja santidade era amplamente conhecida. Entre os séculos VI e X aumentou fortemente a veneração dos Santos, fundamentada apenas nos relatos de milagres feitos pelo povo, por isso se fez necessária a intervenção da autoridade eclesiástica. O processo de canonização começava a ficar mais complexo e rigoroso.


No ano 1558 o Papa Sixto V encomendou à congregação de ritos a preparação das cúrias papais; Urbano VIII (1642) e Benedicto XIV, no século XVIII, ampliaram e aperfeiçoaram as disposições teológico-jurídicas. O direito canônico foi reformado no ano de 1983, no pontificado de João Paulo II, tornando mais fácil o caminho de beatificação e canonização. Curiosamente, ele próprio poderá será “beneficiado” com essa reforma, já que entre os católicos há um clamor para que seja declarado santo.


Atualmente o processo de canonização consta de três partes:


a) VENERÁVEL

A primeira é a confirmação das virtudes heróicas que lhe são atribuídas, que é feita depois de cinco anos após sua morte. O processo é conduzido por um promotor (pessoa ou grupo) que se dirige ao bispo da respectiva diocese. Este leva uma proposta oficial à Santa Sede, fazendo chegar toda a documentação compilada que pode incluir qualquer carta, sermão, discurso breve, artigo, ensaio ou livro escrito pelo candidato, assim como comentários importantes dele ou dela que tenham merecido no transcurso de sua vida; e lhe dá o título de “Servo de Deus”. Quando os tribunais de Roma verificam que a vida cristã do postulado foi heróica, e pelo menos dois teólogos tenham confirmado que tais documentos estão de acordo com a ortodoxia doutrinal, denominam-no “Venerável”.


b) BEATO

O segundo passo é a “beatificação”, que se cumpre em um lapso de tempo não menor de vinte anos, e é realizado na Cúria Romana pela Congregação destinada para tal fim, que nomeia a sua vez um “promotor da fé” do Vaticano, mais conhecido como o “advogado do Diabo” porque tem a função de mostrar que não é merecedor de tal reconhecimento, assim como também um postulador ou “advogado de Deus”; em companhia de vários cardeais e teólogos consultores.


c) SANTO

A terceira fase é a “canonização”, que se dá depois de uma revisão geral da vida do beato(a), mais a confirmação de um novo milagre que é obrigatório para ambas as categorias. Posteriormente, o papa, como chefe supremo da Igreja Católica, e fazendo uso do direito da infalibilidade pontifícia, eleva-o aos altares à categoria de “santo”, muitas vezes na própria basílica de São Pedro no Vaticano, e o anota no catálogo do livro dos Santos. O Romano Pontífice também destina a festa litúrgica do santo(a), que se dá o dia de sua morte.


Fontes:

K. Rahner (ed.), Sacramentum Mundi - Enciclopédia Teológica. Barcelona: Herder, 1972-1975, 6 vols.

PAREDES, Javier. Diccionario de los Papas y Concílios. Barcelona: Editorial Ariel, 1998.


Crédito da imagem:

Artista: Pierre Hubert Subleyras (1699 - 1749)

Versailles, Musée national du Château

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

QUEM PÔS OS CAPÍTULOS E OS VERSÍCULOS NA BÍBLIA?

Por Jones Mendonça

Os primeiros a dividirem as Escrituras Sagradas em porções menores para facilitar sua leitura foram os judeus . Eles dividiram a Lei (Torá) em 54 seções chamadas parashiot (divisões). Os profetas (neviim) também eram divididos em 54 trechos chamados haftarot (despedidas). Essas divisões tinham uma intenção litúrgica, já que determinadas porções do texto eram lidas ao longo dos sábados durante o ano. Não há consenso entre os rabinos a respeito da origem dessas divisões.

Os cristãos da igreja primitiva também pensaram num método de divisão que facilitasse a leitura da Bíblia. Eles fracionaram o Novo Testamento em seções visando facilitar a localização de determinados trechos da Escritura. Isso pode ser visto em alguns manuscritos do século V (Mateus tinha 68 capítulos, Marcos 48, Lucas 83 e João 18).

Na Idade Média, em 1220, Estephen Langton, futuro arcebispo de Canterbury, foi o responsável pela divisão em capítulos. A primeira Bíblia dividida desse modo (uma versão latina) foi realizada em paris e ficou conhecida como a Bíblia parisiense. Em 1525, Jacob ben Jayim publicou uma bíblia rabínica em Veneza, que continha os capítulos de Langton. A divisão feita por Langton permanece até os nossos dias.

O crédito da divisão da Bíblia em versículos é dado ao dominicano italiano Santos Pagnino, que publicou em Lião, em 1528, a primeira Bíblia organizada nessas subdivisões menores. No entanto Robert Stephanus, um editor protestante, fez mudanças no seu trabalho. Em relação ao Antigo Testamento fez pequenos retoques. No que diz respeito ao Novo Testamento, reelaborou todo o trabalho de Pagnino. Stephanus também fez a subdivisão dos livros apócrifos (ou deuterocanônicos, como preferem os católicos) de Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. Pagnino não havia trabalhado nesses livros. Stephanus publicou o primeiro o Novo Testamento em 1551, depois a Bíblia completa, em 1555. Seu modo de dividir o texto bíblico foi mais tarde adotado em todo o mundo.

Em 1572 foi publicada a primeira Bíblia hebraica com versículos. Finalmente o Papa Clemente VIII fez publicar uma nova versão da Bíblia, em latim, para uso oficial da Igreja, pois o texto anterior, de tanto ser copiado à mão, tinha-se deformado. A obra apareceu no dia 9 de novembro de 1592 e foi a primeira edição da Igreja Católica com a já consagrada divisão de capítulos e versículos.

Fontes:
GEISLER, Norman L.; NIX, William E. Introdução Bíblica - Como a Bíblia chegou até nós. Tradução de Oswaldo Ramos. São Paulo: Editora Vida, 1987.

VALDÉS, Ariel Álvares. Que sabemos sobre a Bíblia? – Vol II. Tradução de Afonso Paschotte. Aparecida, SP: Santuário, 1997.

Nota:
[1] Livro de Bereshit - Gênesis: 12 parashiot; Libro de Shemot - Êxodo: 11 parashiot; Livro de Vaikrá - Levítico: 10 parashiot; Livro de Bamidbar - Números: 10; parashiot; Livro de Devarim - Deuteronômio: 11 parashiot.

Crédito da imagem:
Primeira Bíblia com Versos Numerada
Robert Stephanus [Robert Estienne] (1503-1559)
Biblia.
R. Stephanus Lectori. Genebra, 1555. Livros Raros e Divisão de Coleções Especiais, Biblioteca do Congresso Norte Americano.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O EVANGELHO ÁRABE DA INFÂNCIA

O Evangelho árabe da infância de Jesus é repleto de historias curiosas e até mesmo engraçadas. Hoje vou publicar dois relatos contidos neste evangelho. O primeiro encontra-se no capítulo 33, e fala do poder miraculoso da fralda de Jesus! O segundo, no capítulo 34, fala da infância de Jesus ao lado de Judas, um menino já possuído pelo demônio.


Leiamos o primeiro relato:
“Quando, após haver deixado Maria, elas [mãe e filha] retornaram à sua cidade, e quando veio o tempo no qual Satanás costumava atormentá-la, ele lhe apareceu-lhe sob a forma de um grande dragão; ao ver a sua aparência, a jovem foi tomada pelo pavor, mas sua mãe disse-lhe: ‘Não temas, minha filha, deixa que ele se aproxime mais de ti e mostre-lhe esta fralda que nos deu Maria, e veremos o que ele poderá fazer’. Quando o espírito maligno, que havia tomado a forma de um dragão, estava bem perto, a doente, tremendo de medo, colocou sobre sua cabeça a fralda e desdobrou-a, e de repente, dela saíram chamas que se dirigiam à cabeça e aos olhos do dragão, e ouviu-se, então, uma voz que gritava: ‘Que há entre ti e mim, ó Jesus, filho de Maria? Onde encontrarei um abrigo que me livre de ti?’ E Satanás fugiu apavorado, abandonando essa jovem e nunca mais apareceu. Ela se viu-se curada e, grata, rendeu graças a Deus, assim como todos os que haviam presenciado esse milagre”.

No capítulo 34 - Judas, um menino literalmente endiabrado!
“Havia [...] uma outra mulher cujo filho era atormentado por Satanás. Ele se chamava Judas e sempre que o espírito maligno apoderava-se dele, ele tentava morder todos os que estavam à sua volta e, se estivesse sozinho, mordia suas próprias mãos e membros. A mãe desse infeliz, ouvindo falar de Maria e de seu filho Jesus, foi com seu filho nos braços até Maria. Nesse meio tempo, Tiago e José haviam trazido o menino Jesus para fora da casa, para que pudesse brincar com as outras crianças. Eles estavam sentados fora da casa e Jesus com eles. Judas aproximou-se também e sentou-se à direita de Jesus e, quando Satanás começou a agitá-lo como sempre o fazia, ele tentou morder Jesus. Como não podia alcançá-lo, dava-lhe socos no lado direito, de forma que Jesus começou a chorar. Nesse momento, entretanto, Satanás saiu dessa criança sob a forma de um cão enraivecido. E esta criança era Judas Iscariotes, que traiu Jesus, e o lado em que ele havia batido foi aquele que os judeus trespassaram com a lança”.
Êta moleque danado esse Judas...

Fonte:
PROENÇA, Eduardo de (org.). Apócrifos e pseudo-epígrafos da Bíblia. Tradução de Cláudio J. A. Rodrigues. São Paulo: Fonte Editorial, 2005, p. 463.

Crédito da imagem:
Giotto di Bondone
No. 31 Cenas da Vida de Cristo: 15. A Prisão de Cristo (beijo de Judas)
1304-06
Afresco, 200 x 185 cm
Cappella Scrovegni (Arena Chapel), Pádua

SENADO APROVA ACORDO BRASIL-SANTA SÉ

Brasília, 08 out (RV) - O acordo diplomático entre Brasil e Santa Sé foi aprovado ontem pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal (CRE). A matéria segue agora para a promulgação do presidente do Congresso Nacional, José Sarney. O acordo foi assinado em novembro passado pelo presidente Lula e o Papa Bento XVI, no Vaticano.

Com a aprovação, o Brasil reconhece à Igreja Católica, com fundamento no direito de liberdade religiosa, “o direito de desempenhar a sua missão apostólica, garantindo o exercício público de suas atividades, observado o ordenamento jurídico brasileiro”.

O acordo trata do Estatuto Jurídico da Igreja Católica e possui 20 artigos. Em seus pontos principais, estabelece as bases para o relacionamento entre a Igreja Católica e o Estado brasileiro; reafirma a personalidade jurídica da Igreja e de suas entidades, como a Conferência Episcopal, as dioceses e as paróquias, reconhece às instituições assistenciais religiosas igual tratamento tributário e previdenciário garantido a entidades civis semelhantes. Prevê também a colaboração entre a Igreja e o Estado na tutela do patrimônio cultural do país, preservando a finalidade de templos e objetos de culto.

Em relação ao ensino religioso nas escolas, o artigo 11 do texto prevê que a disciplina seja facultativa e parte dos “horários normais” nas escolas públicas de ensino fundamental de todo o País. Já o artigo 12, relativo ao matrimônio, confirma a atribuição de efeitos civis ao casamento religioso.

Nos últimos anos, a Santa Sé firmou mais de 100 acordos desse gênero, de modo especial com países do antigo bloco soviético, no Oriente Médio e na África. Depois de ter sido aprovado no Senado, o Acordo agora deverá ser remitido ao Presidente Lula para sua promulgação, publicação no Diário Oficial e posterior entrada em vigor.(CM)

Fonte: Rádio Vaticano

HEBRAICO UMA LÍNGUA MUITO DIFERENTE


É muito comum, ao iniciarmos a leitura do Antigo Testamento, sentirmos estranheza diante de algumas passagens. Isso ocorre porque os judeus usavam uma linguagem muito concreta, quase sem termos abstratos


P
or exemplo, para um hebreu, a expressão “lançar a sandália” significava
exercer domínio ou tomar posse de algo (p. ex. Sl 108,9). Mesmo nos dias de hoje ainda usamos linguagem semelhante. Se alguém nos diz que “está na fossa”, “foi para o brejo”, “foi para o buraco”, entendemos logo o que quer dizer e não perguntamos qual a fundura do buraco nem onde é o brejo. Podemos citar ainda como exemplo uma frase dita por Salomão em 1 Rs 3,7: “Sou pequenino e jovem, não sei sair nem entrar”. Na língua hebraica “sair e entrar”, tendo ambos os verbos o mesmo sujeito, servia para exprimir toda a atividade de um indivíduo. Com essas palavras Salomão queria dizer que se achava incapaz para o trono. Há inúmeras expressões hebraicas difíceis de entender caso desprezemos o contexto ou a maneira como os hebreus empregavam as palavras.

A expressão “sentir-se feliz, alegre” podia ser substituída pelos dizeres “ter a alma saciada de gordura”, visto ser a gordura sinal de suficiência ou plenitude, ainda hoje o alimento predileto dos árabes da Palestina:
“Minha alma será saciada como que de alimento gorduroso, e de meus lábios alegres prorromperá o teu louvor”. (Sl 63,5; cf. Sl 36,8).
Quando alguém se julgava “em perigo de vida”, dizia concretamente que “trazia a sua alma nas mãos”, já que “ter nas mãos” é a atitude que imediatamente precede a entrega:
“Minha alma está sempre emminhas mãos, mas não esqueço a tua lei”. (Sl 119,109) Cf. Jz 12,3; 1Sm 19,5; Jó 13, 14; Est 14,4.
“Expor a própria vida” ou “estar decidido a morrer” era equivalente a “tomar a própria carne entre os dentes”, ou seja, morder-se:
“Tomo a minha carne entre os meus dentes,Coloco a minha vida em minha mão”. (Jó 13,14).
“Poder, força” era conceito expresso pelo vocábulo “chifre”, pois é neste que parece residir a força de muitos animais:
“(Deus é) meu escudo e o chifre de minha salvação” (= a força que me salva) (Sl 18, 2).
Essas são apenas algumas das dificuldades encontradas pelos tradutores. A tarefa de traduzir a Bíblia é algo bem mais difícil do que parece. As críticas são muitas. De um lado estão os que enfatizam a necessidade de uma tradução mais literal (como as feitas acima). Outros entendem que expressões hebraicas que não fazem sentido para nós hoje (p. ex. “lançar a sandália”) devem ser contextualizadas.

Fazer uma análise crítica das traduções é sempre útil. Mas acima de tudo é importante lembrar das dificuldades dessa tarefa. Pensemos nisso!







Bibliografia:
BETTENCOURT, Estêvão. Para entender o Antigo Testamento. Aparecida, SP: Editora Santuário, 1990.

sábado, 3 de outubro de 2009

O TERROR EM NOME DE DEUS

Por Jones Mendonça


Correntes do islamismo atual pregam que os fiéis que dão a sua vida em nome de Alá herdarão um paraíso cheio de delícias:

“E sabeis que os jardins do paraíso estão decorados para vós com os seus mais lindos ornamentos, e que as beldades celestiais vos chamam: ‘Vem oh! Amigo de Alá’ e elas estão vestidas com os seus mais belos paramentos”[1].
Mas a idéia de prometer bênçãos aos que dão sua vida em nome de Deus é bem antiga. Na época das cruzadas isso foi feito de maneira escandalosa:
Digo-o aos presentes. Ordeno que diga aos ausentes. Cristo o manda. A todos os que lá vão e percam a vida, já seja no caminho ou no mar, já na luta contra os pagãos, lhes concederá o perdão imediato de seus pecados. Isto o concedo a todos os que têm que partir, em virtude do grande dom que Deus me deu”[2].
Teriam os muçulmanos aprendido com os cristãos medievais a arte de manipular os fiéis?

Notas:
[1] Trecho de um manuscrito árabe, com rasuras, encontrado pelo FBI, após o 11 de setembro, na bagagem de Muhammad Atta, num táxi utilizado pelos seqüestradores e nos destroços do avião caído na Pensilvânia. Tradução feita a partir do texto francês. Retirei o trecho da contracapa da seguinte obra: KEPPEL, Gilles. Jihad: expansão e declínio do islamismo. Tradução de Lais Andrade. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exércto Ed., 2003.


[2] Urbano II convocando os cristãos a participarem das cruzadas. GONZALES, Justo. Historia de Cristianismo - Tomo 1. Miami. Unilit, 1994, p.461.


crédito da imagem:
Autor desconhecido, francês
Cruzados
Século 12
Mural
Capela dos Templários, Cressac