quarta-feira, 22 de julho de 2009

GREGÓRIO, O CAPETA E OS NEOPENTECOSTAIS

Por Jones Mendonça

Após ler que a Assembléia de Deus dos Últimos Dias proíbe os membros de sua igreja a possuírem em suas casas plantas em vasos porque podem “esconder espíritos malignos” (leia aqui), comecei me indagar de onde tiraram essa idéia pitoresca. Revirei meus livros e como eu suspeitava a tal crença vem da idade média:


O papa Gregório Magno, em seus Diálogos, conta que uma pobre freira, tendo entrado na horta do convento para colher alfaces e comido, sem a oração devida, um pé de alface no qual um diabo se escondia, ficou por isso endemoniada [1].

Só para lembrar, Gregório Magno é o mesmo Gregório o Grande, um humilde monge que assumiu o papado meio contrariado. Não gostava muito de política. Gregório teve lá suas virtudes, mas acabou enfatizando demais os milagres e os episódios fantásticos operados pelos santos. Propagou os ensinamentos de Dionísio o Areopagita a respeito das categorias de anjos e obrigou todas as igrejas a terem pelo menos uma relíquia sagrada. Enfim, era até gente boa, mas adorava uma superstição. Pelo que vejo as igrejas neopentecostais estão seguindo o mesmo trajeto de Gregório. Como dizia um amigo meu “na igreja gospel nada se cria, tudo se copia”. O que não entendo é que eles são os maiores críticos do catolicismo romano.

Efatá!

[1] NOGUEIRA, Carlos Roberto F. O Diabo no imaginário cristão, 2002, p. 42.

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