1. Por mais de dois mil anos predominou entre os teólogos cristãos – tanto católicos como [mais tarde] protestantes – o método dogmático-dedutivo de fazer teologia. Isso significa que toda reflexão partia do dogma, nascido como desdobramento da interpretação das Escrituras. No centro das reflexões apareciam temas como a Trindade, a eleição, a eucaristia, a soberania divina, etc. É o que se vê, por exemplo, na Suma Teológica de Tomás de Aquino e nas Institutas de Calvino.
2. A partir do século XX alguns teólogos desenvolveram um novo método de fazer teologia. Ao invés de tomar como ponto de partida o dogma, submeteram suas reflexões à exigência de uma teologia contextualizada, que parte de baixo, dos problemas humanos concretos. Na década de 60, por exemplo, os teólogos da libertação passaram a produzir uma teologia preocupada com a situação de indivíduos oprimidos, sobretudo os que viviam nos chamados países do Terceiro Mundo.
3. Assim, passaram a utilizar um método cujo foco não eram mais as formulações dogmáticas inspiradas nas Escrituras, mas ao contrário, a realidade histórica, a experiência concreta, interpretadas à luz das Escrituras não apenas para compreender a realidade, mas para mudá-la. Não veem o humano como uma alma encarcerada num corpo e que precisa ser salva, mas como um corpo que tem fome, frio e sede. E que também – é claro – se angustia com a finitude de sua existência.
Jones F. Mendonça