1. Uma tradição muito antiga atribuiu a determinados personagens bíblicos a autoria de livros ou blocos de livros. Assim, Moisés seria o autor do Pentateuco, Josué o autor do livro que leva seu nome, Jeremias o autor do livro do Reis, etc. A grande verdade, no entanto, é que essas atribuições de autoria são meramente especulativas. Ao que tudo indica, os livros foram escritos por "autores" e não por um autor apenas.
2. Muitos dos códigos legais presentes no Pentateuco, por exemplo, aparecem registrados de forma repetida, porém modificada, sugerindo que um código mais antigo foi relido e atualizado, de forma que pudesse dar respostas a novos problemas e desafios, não contemplados no código mais antigo. Isso acontece, por exemplo, em relação às leis relacionadas aos escravos, aos empréstimos a juros e ao amor ao inimigo.
3. Em relação ao livro de Josué, uma série de fórmulas estereotipadas, tendências teológicas e de estilo, sugerem que o livro foi escrito por indivíduos de alguma maneira vinculados ao Deuteronômio. Na verdade não apenas o livro de Josué possui afinidades com o Deuteronômio. São igualmente classificados como "deuteronomistas" os livros de Juízes, Samuel e Reis. Reflexos da "teologia deuteronomista" também podem ser encontrados em profetas como Jeremias.
4. Desde o início do século XX o livro do profeta Jeremias vem sendo dividido em quatro partes, relacionadas a autores diferentes. Textos poéticos, predominantes nos capítulo 1-25, seriam os mais antigos. Textos em prosa, de natureza "biográfica", seriam mais recentes. Um terceiro grupo de textos teriam sido redigidos por "deuternomistas"; e um último, de natureza mista, revela grande preocupação em apresentar um futuro glorioso para Jerusalém e Judá e punição aos seus inimigos.
5. Uma matéria publicada há alguns dias no Haaretz (Israel), apresenta novas ferramentas de análise do texto que parecem promissoras para nos ajudar a datar os textos. Boa leitura!
Jones F. Mendonça
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