Davi e Golias, de Vecellio Tiziano (1542-44) |
O brasileiro, seja ele evangélico, católico, budista, espírita ou de outra religião qualquer, adora novela. Mas muitos evangélicos têm uma atitude particularmente curiosa em relação a elas. Os mesmos que assistem são os mesmos que criticam. Esse comportamento contraditório talvez seja o reflexo da culpa que muitos fiéis carregam por não resistirem a uma trama global (ou Universal).
Os
argumentos utilizados para que os crentes não as assistam são os mais variados:
“o tal personagem da novela tem três mulheres” (como se Abraão, Davi e Salomão
fossem monogâmicos); “a trama é muito violenta” (como se o livro de Josué
pregasse o pacifismo); “há muito sexo” (como se Cantares fosse um livro sobre a
castidade); “num dos capítulos há uma cena em que dois irmãos se beijam” (como
se Amnon, filho de Davi, não tivesse estuprado sua irmã, Tamar); “o nome da
novela é uma saudação pagã” (como se algumas narrativas presentes na Bíblia
hebraica não fossem inspiradas em mitos pagãos, particularmente babilônicos).
Este
último argumento tem pipocado no Facebook em relação à nova novela das 21:30: “Salve
Jorge”. A Record decidiu retransmitir a
novela sobre o rei Davi (sim, é uma novela!) no mesmo horário da
novela da Globo. Como andam dizendo que a expressão “salve Jorge” é uma saudação
a Ogum, na visão de muitos crentes o horário será disputado pelas emissoras
como uma batalha entre Davi e Ogum (e, portanto, de Deus contra o diabo). Santo
Platão...
A
trama sobre Davi vai ter tudo o que as outras novelas também têm: violência,
sexo, traição, incesto, vingança, ganância, abuso do poder, etc. Ah, mas é uma
novela gospel, então pode.
Jones
F. Mendonça
precisava "chutar o balde desse jeito"?! AFF!!
ResponderExcluirAh, precisava sim!
ResponderExcluirNão sou de nenhuma modalidade evangélica e não vejo novela porque acho uma porcaria mesmo de qualquer emissora.
ResponderExcluirÉ um bom motivo...
ResponderExcluir