Arte: Carlos Latuff |
Ouço aqui e ali que “aquele pessoal do Oriente Médio”, “os árabes”, ou “os muçulmanos”, são todos loucos. A crítica reflete um preconceito, está claro. Mas ainda que o alvo seja apenas os terroristas ou os baderneiros que atacaram a embaixada dos EUA na Líbia ou no Iêmem, discordo do adjetivo “loucos”. Não são loucos, são ressentidos manipulados. O instrumento de manipulação: a religião. O manipulador: o sacerdote.
A
violência pode ter diversas motivações: ganância, desejo pelo poder, loucura, ressentimento.
Em algumas situações o sofrimento de um indivíduo ou de uma coletividade é o
resultado de sua própria incompetência, de um desastre natural ou de uma
série de fatores que lhes são desconhecidos. Mas é preciso achar um culpado. Acontece
assim: um líder, fraco, porém dotado de grande poder de persuasão, "identifica" o responsável pelas mazelas do povo, o “Grande Satã”. Então ele percebe que a religião, com
suas penas e bem-aventuranças, poderá ser o combustível da “revolução”. Eis o
resultado: uma massa de terroristas. O que os move não é propriamente a religião, mas o ressentimento.
O
mecanismo descrito acima não é uma invenção dos “árabes”, ou dos “muçulmanos”. É
coisa antiga, muito antiga. Hoje funciona bem no Oriente Médio. Amanhã, quem
saberá. O mundo dá muitas voltas.
Jones
F. Mendonça
Nenhum comentário:
Postar um comentário