Foto: The Big Picture |
O GLOBO: O quão irônico foi para o senhor ver os distúrbios se concentrando na pilhagem de roupas e artigos eletrônicos?
ZYGMUNT BAUMAN: Esses distúrbios eram uma explosão pronta para acontecer a qualquer momento. É como um campo minado: sabemos que alguns dos explosivos cumprirão sua natureza, só não se sabe como e quando. Num campo minado social, porém, a explosão se propaga, ainda mais com os avanços nas tecnologias de comunicação. Tais explosões são uma combinação de desigualdade social e consumismo. Não estamos falando de uma revolta de gente miserável ou faminta ou de minorias étnicas e religiosas reprimidas. Foi um motim de consumidores excluídos e frustrados.
O GLOBO:Mas qual a mensagem que poderia ser comunicada?
BAUMAN: Estamos falando de pessoas humilhadas por aquilo que, na opinião delas, é um desfile de riquezas às quais não têm acesso. Todos nós fomos coagidos e seduzidos para ver o consumo como uma receita para uma boa vida e a principal solução para os problemas. O problema é que a receita está além do alcance de boa parte da população.
Achei a matéria excelente. Nem acreditei que estava publicada no Globo.
ResponderExcluirAcompanho o trabalho desse sociólogo e o admiro muito.
Não há um meio de se usar a internet para propagar uma onda para des-hipnotizar as populações ???
Pois é, mas des-hipnotizar as populações implicaria na redução do consumo e na falência do capitalismo. Acho que um movimento desse tipo teria que partir do povo (mas não como o que aconteceu em Londres, é claro).
ResponderExcluirSeria preciso "inventar" um modelo econômico alternativo ao capitalismo. Quem sabe...