3. Cristianismo dos primeiros séculos (até o século V): Diante da necessidade da elaboração de um pensamento mais consistente em relação às doutrinas cristãs, surgiram a partir do segundo século, dois importantes centros de reflexão teológica:
3.1 Escola de Alexandria, Egito - Valorizava a interpretação alegórica. Supunha que por trás do texto havia uma mensagem oculta (geralmente fazendo referência ao Novo Testamento). Um dos grandes expoentes da escola de Alexandria foi Orígenes (185-253 d.C.). Ele recorre à alegoria para explicar as incoerências presentes no relato da criação:
Que pessoa inteligente imaginaria, por exemplo, que um primeiro, um segundo, um terceiro dia, tarde e manhã, aconteceram sem o Sol, sem Lua e sem estrelas; e o primeiro, conforme o chamamos, sem mesmo um céu?[5].
3.2 Escola de Antioquia, Síria: Conhecida por uma leitura bíblica baseada numa interpretação mais literal. Diferentemente do que pregavam os padres da Escola de Alexandria, os antioquenos enfatizavam que as narrativas bíblicas do Antigo testamento são históricas e devem ser compreendidas no seu contexto histórico-gramatical.
No seu comentário à epístola de Gálatas, Teodoro de Mopsuéstia (350-428 d.C.) faz uma dura crítica ao método alegórico:
Pois dizem que Adão não foi Adão, especialmente nesses casos, quando eles vêm para explicar [a história da criação] dentro as divinas Escrituras “de forma espiritual”. Quando afirmam que o paraíso não é paraíso e a serpente não é serpente eles estão dispostos a ter a sua interpretação espiritual sendo considerada loucura[6].
Notas:
[5] De principius, IV, 16 apud LEEUW, J. J. Van Der. A dramática história da fé cristã: desde seu início até a morte de Santo Agostinho, p. 74.
[6] Fiz uma tradução livre do inglês. No original: “For they say Adam was not Adam, especially in those instances when they come to explain [the creation story] within the divine Scripture 'in spiritual way'. When they state that paradise is not paradise, and the serpent is not a serpent, they are willing to have their spiritual interpretation called foolishness!”. Theodore’s commentaries on the Epistles to the Galatian apud MCLEOD, Frederick G. Theodore of Mopsuestia, p. 120.
Jones F. Mendonça
Continua... (apontamentos de hermenêutica: Santo Agostinho e São Jerônimo).
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