sexta-feira, 25 de abril de 2025

O PAPA COMO ANTICRISTO: UMA BOBAGEM QUE JÁ DURA QUASE MIL ANOS

1. A crença ainda muito popular que supõe ser o papado a manifestação do anticristo pode ser encontrada no século XII, difundida pelos cátaros e valdenses, grupos cristãos que rejeitavam alguns dos elementos centrais da ortodoxia católica. No século XIV foi repetida por John Wyclif, reformador religioso inglês considerado um dos precursores da Reforma Protestante ao lado de Jan Hus.

2. Mas o responsável pela popularização da crença foi Lutero, que em seus escritos não cansa de acusar “o Papa e seus comparsas” de tentarem ocupar o lugar de Cristo, colocando-se acima das Escrituras. O líder supremo da Igreja também é criticado por se deixar seduzir pela “Coroa da soberba”, ao buscar reunir em suas mãos o poder espiritual e o poder temporal.

3. Lutero usa as expressões “contracristo” e “anticristo” para se referir não apenas ao Papa e a seus auxiliares, mas a todos os que contrariam o que Cristo fez e ensinou. Em sua Carta à Nobreza Alemã o monge agostiniano declara com todas as letras: “o Papa é o anticristo”. Mas é preciso ler as cartas de Lutero tendo em vista um contexto muito particular, relacionado ao catolicismo de seu tempo e à sua experiência de vida.

4. Não tenho ideia do que Lutero diria se ressuscitasse hoje, sendo capaz de avaliar e julgar o que é ou não é anticristão ou contracristão. Muitas são as denominações, há líderes para todos os gostos, diversas são as crenças, múltiplas são as maneiras como se articulam fé e realidade concreta. Mas se este julgamento estivesse em minhas mãos, Francisco, que nos deixou recentemente, teria seu nome imortalizado na calçada dos bons exemplos.

5. Descanse em paz, Francisco. E que seu legado jamais seja esquecido.



Jones F. Mendonça

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