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O
canto de Moisés em Êxodo 15 celebra um episódio de mesma matriz teológica: 1) O
vento de Deus (a ruah de Javé) separa as águas do Mar Vermelho; 2) A terra
seca – sobre a qual o povo marchará – aparece, 3) O abismo (o tehom), aquele
que foi vencido por Javé, se precipita sobre os carros de Faraó (Ex 15,5).
O
domínio de Javé sobre o tehom também é visível em Gênesis 8. Após "lembrar-se" de
Noé e de todos os animais da arca, as fontes do tehom são fechadas e ao cabo de
cento e cinquenta dias a terra seca reaparece (Gn 8,3-4). O dilúvio conduz a
terra ao caos primordial, ao estado de desordem de Gn 1,2. A causa dessa
desordem: a maldade humana. Cessada a ira de Javé o tehom é vencido e a ordem é
restabelecida.
Reflexos
da derrota do tehom por Javé aparecem em Is 51,9-10:
“Por
acaso não és tu aquele que despedaçou Raab,
que
trespassou o Tannyim? [monstros que personificam o tehom]
Não
és tu aquele que secou o mar,
as
águas do Grande Abismo (Tehom)?”
Osvaldo
Luiz Ribeiro, em seu livro “Homo Faber” (Mauad X, 2015), defende que Gn 1,1-3
não falava originalmente a respeito da criação do mundo, mas sobre “fundação de
Jerusalém”. Ele também argumenta que o "vento de elohim" atua negativamente, como contracriação. Bem, mas este é um tema para outra postagem.
Jones
F. Mendonça
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