João Calvino (1509-1564), um dos maiores expoentes da
Reforma, defendia que todos os acontecimentos foram pré-ordenadas por Deus: a
criação do mundo, a morte das estrelas, a forma exuberante dos lírios, o
terremoto que devora vidas, a boca que morde, a mão que afaga. Linhas
invisíveis escrevendo com muito arrojo e precisão o destino da humanidade.
Sua obsessão pela divina providência foi levada às últimas
consequências:
Eu concedo mais: os ladrões e os homicidas, e os demais malfeitores, são instrumentos da divina providência, dos quais o próprio Senhor se utiliza para executar os juízos que ele mesmo determinou. Nego, no entanto, que daí se deva desculpá-los por seus maus feitos (As Institutas, Livro I, Capítulo XVII, seção 5).
“Decretum quidem terribile”, ele mesmo confessou. Eu
acrescentaria: é terrível e repugnante.
Jones F. Mendonça
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