Num artigo muito didático publicado neste mês no The Bible and Interpretaion, Yosef Garfinkel, da Universidade Hebraica de Jerusalém, dispara inúmeras críticas ao minimalismo bíblico, sobretudo sobre a tendência que esse grupo possui de sustentar paradigmas que, em sua opinião, já caíram por terra. Atualmente o principal ponto de divergência entre minimalistas e maximalistas gira em torno da possibilidade de existência de uma monarquia israelita unida no século X. Garfinkel faz escavações Khirbet Qeiyafa e afirma, baseando-se em testes de carbono feitos em caroços de azeitona desenterrados na região, que o sítio remonta ao final do século XI e início do século X. Para Garfinkel está claro: o relato bíblico apresentando Davi como fundador de uma dinastia é perfeitamente plausível. Israel Finkelstein, da Universidade de Tev Aviv, insiste: "Davi não passou de um líder tribal".
Minha opinião: há desonestidade dos dois lados.
Na semana passada chegou minha encomenda do documentário francês "A Bíblia e seu tempo, um olhar arqueológico sobre o Antigo Testamento", baseado no polêmico livro "E a Bíblia não tinha razão" (infelizmente o livro ganhou este título no Brasil), escrito por Finkelstein em conjunto com o historiador Neil Silberman. Você pode até não concordar com alguns pontos defendidos pelo arqueólogo de Tel Aviv, mas se o Antigo Testamento é um assunto do seu interesse, não deixe de assisti-lo. Infelizmente o documentário sem sido visto por ateus e cristãos de maneira equivocada. Os primeiros querem usá-lo como munição para sua defesa do ateísmo. Cristãos vêem o trabalho como uma tentativa de destruir sua fé. A arqueologia jamais poderá dizer qualquer coisa sobre Deus. No entanto, poderá dizer muito sobre a interpretação do texto sagrado de judeus e cristãos.
Bem, quem quiser ler o artigo de Garfinkel, está aqui.
Concordo. Todos os dois lados estão mais interessados em defender suas cátedras e financiamentos de pesquisa do que buscando esclarecer a verdade.
ResponderExcluir