terça-feira, 24 de julho de 2012

BASES MILITARES AMERICANAS NO MUNDO

Apesar do foco principal deste Blog ser a teologia, ando bastante interessado nos atuais conflitos no Oriente Médio. Na busca por informações que me situem melhor no atual cenário que se forma naquela região, acabei descobrindo o site militarybases.com. Como se vê, o mundo é um grande tabuleiro. Há quem afirme que é Deus quem move as peças. Mas Deus não seria tão perverso...


Jones F. Mendonça

7 comentários:

  1. Claro, para declarar que Ele é quem criou o ferreiro que faz a espada e o soldado para batalha só poderia vir mesmo da boca de um falso profeta como Isaías (ou redator deuteronomista e coisa assim)Is 54:16...:(

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  2. André,

    Penso que “soldado para a batalha” (NTLH) é uma tradução muito carinhosa, adocicada. Uma tradução mais fiel seria “o assolador para destruir”, ou “o aniquilador para arrasar”. O que este (e outros) texto(s) diz(em), e nisto concordo com a interpretação de Calvino, é que Yahweh não só cria o ferro, o machado e a mão que dilacera o ventre da madre, mas também direciona suas ações. Isto é o que o texto diz, não há dúvidas.

    Curiosamente Yahweh, um Deus imutável e onisciente, arrepende-se de seus atos (e ao mesmo tempo não se arrepende), ordena que seus súditos não matem (e ao mesmo tempo manda aniquilar – por meio de um herém - aldeias inteiras, inclusive idosos e crianças de colo), odeia o pecado (mas faz os homens pecarem), etc. Não é preciso ir muito longe para perceber que há inúmeros conflitos entre o que disseram “os profetas” (ou as camadas redacionais). Não podemos fechar os olhos para tais dificuldades, é preciso buscar soluções.

    Calvino encontrou uma saída: o “antropomorfismo pedagógico”. Com tal recurso o reformador francês negou o arrependimento divino (aparentemente explícito no texto) sem ter que chamar os porta-vozes de Yahweh de “falsos profetas”. Minha proposta é bem mais radical que a de Calvino: tudo é antropomorfismo. Todo o discurso bíblico (e não bíblico) sobre Deus assenta-se sobre concepções humanas. Nosso dêutero-Isaías está no exílio. O povo, sem esperanças. Então ele diz: “olha, o mesmo Yahweh que nos puniu por meio da Babilônia, agora nos libertará dela”. E mais: “Babilônia será punida por nos ter castigado!”. Não faz sentido, mas é a perspectiva do nosso profeta poeta. É preciso explicar, racionalizar o desenrolar dos fatos. Ele faz o que pode. Mas “falso profeta”? Eu não chegaria a tanto.

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  3. Então Jones,
    É claro que estava satirizando com o "falso profeta", e concordo que a revelação está limitada à linguagem e percepções humanas.

    O seu receio é válido, mas também temo a criação de um Deus à nossa imagem e semelhança, pegando o textos que melhor convém com a imagem que criamos de Deus. Por isso, acredito que o calvinismo seja mais honesto por engolir, por mais que seja amargo, as duas realidades.

    Prefiro ficar lá atras com a teologia aristotélica de Tomas de Aquino e aceitar Deus como o "causador/motor" final de todas coisas do que partir para o dualismo, ou teísmo aberto construindo um Deus distante daquele do testemunho bíblico.

    E você vai dar aula sobre Reforma... to frito!!! :)

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  4. Mas Calvino também selecionou textos. Os que não se enquadravam na sua teologia ele, digamos, "deu um jeito" (o tal "antropomorfismo pedagógico"). Na verdade todos nós fazemos isso. É muito mais uma questão de escolha do que de "testemunho bíblico". A Bíblia é uma coleção de testemunhos e não UM testemunho.

    Quanto a teologia tomista, lembre-se que os reformadores romperam com ela em favor do dualismo platônico presente em Agostinho (Lutero até escreveu um dezena de teses contra o tomismo meses antes das famosas 95 teses contra as indulgências). Aliás, nas suas Institutas Calvino cita, em diversas ocasiões, tanto Platão como Agostinho.

    Caso eu seja confirmado como professor da disciplina "teologia da Reforma", não se preocupe, tolero (e gosto) e ouvir opiniões diferentes da minha (até nos trabalhos). Olha, quem sabe você não faz de mim um calvinista, rs,rs.

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    1. Sim, o monergismo nasceu em Agostinho e deu origem ao calvinismo. Mas quanto ao colocar Deus "responsável" mesmo que indireto pela origem do mal não é uma coisa um tanto tomista? Era a isso que me referia.

      E não estou falando da seleção de textos como você colocou, mas daquela forma que às vemos ao extremo de dizer que o Deus do VT não é o mesmo Deus Pai de Jesus no NT. Se Deus é amor ele não pode destruir sua criação, ele não vai jogar ninguém no inferno, no fim todos serão salvos até o diabo! Entende?

      Sei bem como você é como professor e disse que EU é que estou frito. Quanto a fazer você calvinista, não sei. Às vezes nem eu mesmo me considero calvinista pois não concordo com todos os pontos. Às vezes vou mais longe do que eles e noutras não concordo tanto. Acabo assumindo o título por ser a teologia que mais se enquadra na minha maneira de pensar na coisa toda.

      Até segunda-feira.
      André R. Fonseca

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  5. Olá Jones, estava pesquisando sobre símbolos no google, pra ter alguma ideia para o logo da empresa que pretendo abrir em breve. Mas sem nenhuma conotação religiosa, apenas alguma ideia estética para a minha marca.

    Aí me deparei com o seu blog.Sempre gostei da história das religiões, mas nunca gostei de pessoas religiosas, pois a grande maioria das que conheço tentam empurrar seus argumentos com uma fúria cega e preconceituosa, sem qualquer tipo de abertura ou respeito para o oposto.Como se a verdade fosse um objeto que eles se apoderaram.

    Você parece o contrário.Com respeito e lucidez, abordando as questões com embasamento e estudo.Pessoas assim podem modificar a forma que vemos o estudo da religião e prover o convívio harmonioso da diversidade do pensamento. Parabéns!!!

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  6. Edvan,

    Este é um dos propósitos do Blog: dialogar com respeito.

    Grande abraço!

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