Em razão dos conflitos com o Irã, o Purim 2012 foi comemorado de forma mais intensa. Para quem não conhece a narrativa bíblica, no Purim (do acádio, sorteio) comemora-se a salvação dos judeus de uma perseguição fomentada pelo “perverso” Hamã, conselheiro do soberano persa. No final da história Hamã é morto e o judeu Mardoqueu assume seu lugar como conselheiro do rei. Entre muitos judeus Ahmadinejad tem sido visto como uma espécie de novo Hamã, pois supostamente deseja “varrer Israel do mapa”. O primeiro ministro de Israel, Benjamim Natanyahu, chegou a presentear Obama com um livro de Ester.
Um detalhe curioso é que o nome de Deus não aparece no livro. Na opinião de alguns místicos judeus a resposta a essa curiosa omissão estaria no próprio livro.
Alguns comentaristas tradicionais, especialmente os de inclinação mística, viram a história como ensinando algo a respeito do agir oculto de Deus, diferentemente do que ocorreu no Egito, quando atuou de forma visível. Eles ressaltam que até mesmo o nome Ester em hebraico está relacionado com a palavra que significa "escondido" – nistar (J. Post, 08/03/2012).
Se você não entendeu eu explico: a palavra Ester (nome da heroína) carrega semelhanças fonéticas com o nome "nistar" (ocultar-se). A omissão seria proposital, mostrando que mesmo quando Deus parece se ocultar, sua mão invisível está agindo.
Particularmente não vejo relação entre os nomes "Ester", "nistar" e o agir oculto de Deus. Mas talvez exista relação entre Ester/Ishtar - Mardoqueu/Marduk.
Por favor, você poderia comentar mais sobre a relação Ester/Ishtar??? Você se refere à deusa Ishtar?
ResponderExcluirLembro de um post seu sobre o sincretismo judaico...
Tenho uma curiosidade: você é cristão? Se for, de que igreja? Se não for, segue alguma outra religião, tem uma espiritualidade própria, é agnóstico, ateu...?
Anônimo,
ResponderExcluirApesar do tom crítico, me considero cristão, da denominação batista. E por que sou cristão: porque ele me seduz. Só! (e não é o bastante?).
Quanto ao livro, o judaísmo medieval via no nome Ester uma alusão ao agir oculto de Deus, uma vez que carrega semelhanças com o verbo ocultar-se (nistar). A não ocorrência do nome divino seria proposital, acentuando que Deus age mesmo quando parece ocultar-se (como no exílio).
Há quem pense que por trás da narrativa exista um mito pagão: os deuses babilônicos Marduk (Mardoqueu?) e Ishtar (Ester?) contra os deuses de Elam, Humman (Hamã?) e Mashti (Vasti?).
Um abraço!
Legal, valeu pela resposta.
ResponderExcluirA propósito: já ouvi falar algumas vezes que as constantes lutas do "Deus do Antigo Testamento" com Baal seriam devidas à sua "origem": o deus El, acho que cananeu. Realmente, há referências a Deus como "El" no Antigo Testamento...
O que fiquei em dúvida é: seria o "Deus judaico-cristão" originalmente um deus cananeu (em meio a outros deuses), mas que foi sendo afirmado ao longo do tempo como o "único Deus", "o mais forte e soberano", afim de o povo de Israel adquirir uma identidade de povo "superior"?
Eu sou católico, mas estou meio confuso com algumas questões sobre Deus mesmo, mais do que sobre o próprio catolicismo. Então pergunto a você justamente por que vi essa sinceridade em suas postagens.
Obrigado!
Não sei se eu soube me expressar bem, mas eu me referia a ideias como as desse texto:
ResponderExcluirhttp://super.abril.com.br/religiao/deus-biografia-610975.shtml
Qual sua opinião sobre ele?
O epíteto "El" foi, sem dúvida tomado dos cananeus e empregado como um nome genérico para Deus pelos israelitas. Note que muitos personagens bíblicos tem o "El" no final: Joel, Ismael, Mizael, etc. Uma questão muito discutida é de onde veio o nome sagrado Yahweh.
ResponderExcluirNum documento do século XIV encontrado na Núbia (atual Sudão) lê-se: “Yhw na terra de Shasu". O nome poderia ser a primeira referência a Yahweh. Vale recordar que Jetro (que vivia na "região de shasu") era adorador de Yahweh (Ex 18) e que os midianitas (mesma região citada) também eram descendentes de Abraão (Gn 25,2-4).
Atente também para este versículo: "E subiu também com eles uma mistura de gente..." (Ex 12,38). O povo que saiu do Egito não era formado apenas pelos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, mas por uma mistura de gente... de crenças, de tradições, etc.
Quanto ao texto publicado na "Super", é por aí. Mas é preciso frisar que tais descobertas nada dizem a respeito de Deus em si, mas de como o homem moldou "Deus" ao longo do tempo.
ResponderExcluirmais algumas coisas sobre ishtar "A consorte de Dushara é lembrada em Petra pelo nome árabe pré-islãmico, al-Uzza, e representada por um bloco em um betil (beth-el, em hebraico, que significa “Casa de Deus”) com olhos, naris e também boca. Ela era a personificação do planeta Vênus. Seu nome pode originalmente ter derivado do acádico uz, que significa “bode”. Esse era o principal animal sacrificado às diversas formas de Vênus em todo o Oriente Próximo, onde além de al-Uzza ela era conhecida como Allat, Astarte, Atargatis, Ishtar e rabbat al-thill, “a Senhora do do Rebanho”. O símbolo de Ishtar-Vênus era uma estrela de sete pontas inscrita em um círculo, e esse símbolo foi encontrado em duas estelas esculpidas desenterradas em Harã, ao passo que na arte grega há uma forma de Vênus (ou Afrodite) que aparece montada em um bodem o que mostra seu vínculo com a promiscuidade sexual. Aliás, na tradição cristã primitiva, Ishtar-Vênus evoluiu para a Prostituta da Babilônia que, no livro do Apocalipse, segura a taça das abominações e cavalga a besta do apocalipse, que tem sete chifres. Ainda hoje em Petra vendem-se aos turistas estátuas de bronze de al-Uzza, ou Allat, segurando uma taça." retirado de: http://a-vontade.blogspot.com.br/2013/12/egito-exodo-e-deus-parte-ii-e-as.html
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