Heisenberg percebeu que é impossível observar um elétron sem criar uma situação que o modifica. É preciso escolher entre a posição ou a velocidade do elétron. Daí surgiu seu famoso “princípio da incerteza”. Em 1938 o etnólogo e psiquiatra Georges Devereux (1908-1985) introduziu esse conceito na etnologia (e nas ciências humanas de modo geral). O etnólogo, dizia Devereux, perturba aquilo que observa, que por sua vez perturba o próprio observador. Um círculo vicioso se faz.
Moral da história: Luvas esterilizadas funcionam bem com cirurgiões.
Jones F. Mendonça
Mo mundo macro, faz-se sexo e as unidades se multiplicam - é assim no mundo micro? Por que então alegados efeito do mundo micro têm de ser aplicados ao mundo macro? Há algo de muito, muito errado aí. Há, no mínimo, um efeito mágico, antigo, sobrevivendo nesse argumento. Resta ver se por efeito de inércia cultural ou se por acintosa programação reacionária.
ResponderExcluirOsvaldo,
ResponderExcluirNeymar dá um chute na bola e ela dá um “salto quântico” ate o gol... Parece-me claro que nem tudo o que ocorre no mundo micro deve necessariamente ocorrer no mundo macro (e vice-versa). Uma coisa é a ciência exata (com leis diferentes, no campo da física, para os níveis sub-atômico e atômico) e o outra é a ciência humana. Uma coisa é uma lei da física, outra é um método científico aplicado às ciências humanas. Estou bem ciente disso.
A constatação de Heisenberg levou Devereux refletir sobre a relação entre sujeito e objeto no seu trabalho (ele foi psicanalista freudiano e etnólogo - conflito entre o universal e o particular), levando-o a introduzir outra lógica no pensamento científico, supondo que o observador-etnólogo diminui seu objeto, colocando sobre ele categorias culturais suas.
Não acho que o método de Devereux tenha relação com mágica, metafísica ou misticismo. As perturbações contra-transferenciais me parecem um fenômeno facilmente constatável.
De qualquer forma, fica registrado seu protesto.